- A
faculdade_mediúnica
propriamente dita se_radica_no_organismo; independe do moral do médium. O
mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mau,
conforme as qualidades do médium.
- Todas
as faculdades são favores pelos quais deve a criatura render graças
a Deus, pois que homens há privados delas. Poderias igualmente
perguntar por que concede Deus vista magnífica a malfeitores,
destreza a gatunos, eloqüência aos que dela se servem para dizer
coisas nocivas.
____O mesmo se dá com a mediunidade. Se há pessoas indignas que a
possuem, é que disso precisam mais do que as outras, para se
melhorarem. Pensas que Deus recusa meios de salvação aos culpados? Ao contrário, multiplica-os no caminho que eles percorrem;
põe-nos nas mãos deles. Cabe-lhes aproveitá-los. Judas, o traidor,
não fez milagres e não curou doentes, como apóstolo? Deus permitiu
que ele tivesse esse dom, para mais odiosa tornar aos seus próprios
olhos a traição que praticou.
- Os
médiuns que fizerem mau uso da mediunidade, serão punidos
duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e o não
aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável
do que o cego que cai no fosso.
- Há
médiuns aos quais, espontaneamente e quase constantemente, são dadas
comunicações sobre o mesmo assunto, sobre certas questões morais,
por exemplo, sobre determinados defeitos. E esse fim é esclarecê-lo
sobre o assunto freqüentemente repetido, ou corrigi-los de certos
defeitos. Por isso é que a uns falarão continuamente do orgulho, a
outros, da caridade.
Não há médium que faça mau uso da sua faculdade, por ambição ou
interesse, ou que a comprometa por causa de um defeito capital, como o
orgulho, o egoísmo, a leviandade, etc., e que, de tempos a tempos,
não receba admoestações dos Espíritos.
____O pior é que as mais das vezes eles não as tomam como dirigidas a si
próprios.
- NOTA. É freqüente usarem os Espíritos de circunlóquios
em suas lições, dando-as de modo indireto para não
tirarem o mérito àquele que as sabe aproveitar e aplicar.
Porém, tais são a cegueira e o orgulho de algumas pessoas,
que elas não se reconhecem no quadro que se lhes põe
diante dos olhos. Ainda mais: se o Espírito lhes dá a
entender que é delas que se trata, zangam-se e o qualificam
de mentiroso, ou malicioso. Só isto basta para provar que o
Espírito tem razão.
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- Nas
lições ditadas, de modo geral, ao médium, sem aplicação pessoal,
muitas vezes, os avisos e conselhos não lhe são dirigidos
pessoalmente, mas a outros a quem não nos podemos dirigir, senão por
intermédio dele, que, entretanto, deve tomar a parte que lhe caiba em
tais avisos e conselhos, se não o cega o amor-próprio.
Não creias que a faculdade mediúnica seja dada somente para
correção de uma, ou duas pessoas, não. O objetivo é mais alto:
trata-se da Humanidade. Um médium é um instrumento pouquíssimo
importante, como indivíduo. Por isso é que, quando damos
instruções que devem aproveitar à generalidade dos homens, nos
servimos dos que oferecem as facilidades necessárias. Tenha-se,
porém, como certo que tempo virá em que os bons médiuns serão
muito comuns, de sorte que os bons Espíritos não precisarão
servir-se de instrumentos maus.
- Os
Espíritos superiores procuram influenciar aos médiuns dotados de
grande poder, a fim de evitar que sejam instrumentos do erro. Mas,
quando essas pessoas consentem em ser arrastadas para mau caminho,
eles as deixam ir. Daí o servirem-se delas com repugnância, visto
que a verdade não pode ser interpretada pela mentira.
- Um
médium imperfeito pode algumas vezes obter boas coisas, porque, se
dispõe de uma bela faculdade, não é raro que os bons Espíritos se
sirvam dele, à falta de outro, em circunstâncias especiais; porém,
isso só acontece momentaneamente, porquanto, desde que os Espíritos
encontrem um que mais lhes convenha, dão preferência a este.
- NOTA. Deve-se observar que, quando os bons Espíritos
vêem que um médium deixa de ser bem assistido e se torna,
pelas suas imperfeições, presa dos Espíritos enganadores,
quase sempre fazem surgir circunstâncias que lhes desvendam
os defeitos e o afastam das pessoas sérias e bem
intencionadas, cuja boa-fé poderia ser ilaqueada. Neste
caso, quaisquer que sejam as faculdades que possua, seu
afastamento não é de causar saudades.
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- Bem
sabes que médium perfeito não existe na Terra, sem o que não
estaríeis nela. Dize, portanto, bom médium e já é muito, por isso
que eles são raros. Médium perfeito seria aquele contra o qual os
maus Espíritos jamais ousassem, uma tentativa de enganá-lo. O melhor
é aquele que, simpatizando somente com os bons Espíritos, tem sido o
menos enganado.
- Os
bons Espíritos permitem, às vezes, que até os melhores médiuns
sejam enganados, para lhes exercitar a ponderação e para lhes
ensinar a discernir o verdadeiro do falso. Depois, por muito bom que
seja, um médium jamais é tão perfeito, que não possa ser atacado
por algum lado fraco. Isto lhe deve servir de lição. As falsas
comunicações, que de tempos a tempos ele recebe, são avisos para
que não se considere infalível e não se ensoberbeça. Porque, o
médium que receba as coisas mais notáveis não tem que se gloriar
disso, como não o tem o tocador de realejo que obtém belas árias
movendo a manivela do seu instrumento.
- As
condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores
nos chegue isenta de qualquer alteração, são: Querer o bem;
repulsar o egoísmo e o orgulho. Ambas essas coisas são necessárias.
- Mesmo
com todas as interferências, a luz sempre chega ao que a deseja
receber. Todo aquele que queira esclarecer-se deve fugir às trevas
que se encontram na impureza do coração. Os Espíritos, que
considerais como personificações do bem, não atendem de boa-vontade
ao apelo dos que trazem o coração manchado pelo orgulho, pela
cupidez e pela falta de caridade. Expurguem-se, pois, os que desejam
esclarecer-se, de toda a vaidade humana e humilhem a sua inteligência
ante o infinito poder do Criador. Esta a melhor prova que poderão dar
da sinceridade do desejo que os anima. É uma condição a que todos
podem satisfazer.
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item 226] |
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