____Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se responsabilizam por múltiplas enfermidades,
como sejam
- Os desastres circulatórios
provenientes da gula,
- as infecções tomadas à carência
de higiene,
- Os desequilíbrios nervosos nascidos
da toxicomania
- e a exaustão decorrente de excessos
vários.
____De modo geral, porém, a etiologia das moléstias perduráveis, que afligem o corpo
físico e o dilaceram, guardam no corpo
espiritual as suas causas profundas.
____A recordação dessa ou daquela falta grave, mormente daquelas que jazem
recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a corrigenda funcionem por válvulas
de alívio às chagas ocultas do arrependimento,
cria na mente um estado anômalo
que podemos classificar de "zona de remorso”,
em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento
passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente
na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das pessoas e
circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
____Estabelecida a ideia fixa sobre esse “ nódulo
de forças mentais desequilibradas”, é indispensável que
acontecimentos reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para
que nos sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo, ou exatamente
redimidos perante a Lei.
____Essas enquistações de energias profundas, no imo de nossa alma, expressando as
chamadas dividas_cármicas,
por se filiarem a causas infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino,
são perfeitamente transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se
nos comprometemos diante da Lei Divina em qualquer idade da nossa vida responsável,
é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer tempo, dentro
das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em prejuízo dos
outros.
____É assim que o remorso provoca distonias diversas em nossas forças recônditas,
desarticulando as sinergias do corpo espiritual, criando predisposições
mórbidas para essa ou aquela enfermidade, entendendo-se, ainda, que
essas desarmonias são, algumas vezes, singularmente agravadas pelo assédio
vindicativo dos seres a quem ferimos, quando imanizados a nós em
processos de obsessão.
Todavia, ainda mesmo quando sejamos perdoados pelas vítimas de nossa insânia,
detemos conosco os resíduos mentais da culpa,
qual depósito de lodo no fundo de calma piscina, e que, um dia, virão à tona
de nossa existência, para a necessária expunção,
à medida que se nos acentue o devotamento à higiene moral.
[56 - página 213 ] - Uberaba-MG, 26/6/1958. |