____Possessão[do latim possessione]Atuação de um Espírito
desencarnado sobre o encarnado, com domínio completo. http://www.espirito.org.br/portal/doutrina/vocabulario/letra-p.html
Justino Justino (em latim: Flavius Iustinus ou Iustinus Martir), também conhecido como Justino Mártir ou Justino de Nablus (100 - 165) foi um teólogo do século II.
____São Justino, Apologética, I, 18 (edição dos Beneditinos de 1742, pág. 54), escreve o seguinte a respeito das manifestações dos mortos:
____Dava-se
outrora o nome de possessão ao império exercido
por maus Espíritos, quando a influência deles ia até à aberração das
faculdades da vítima. A possessão seria, para nós, sinônimo da subjugação.
Por dois motivos deixamos de adotar esse termo:
- primeiro,
porque implica a crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados
ao mal, enquanto que não há senão seres mais ou menos imperfeitos, os
quais todos podem melhorar-se;
- segundo,
porque implica igualmente a ideia do apoderamento
de um corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de
coabitação, ao passo que o que há é apenas constrangimento.
____A
palavra subjugação exprime perfeitamente a
ideia. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar do termo,
há somente obsidiados, subjugados e fascinados.
[17b - página 309 item 241] Desde
que não há possessão propriamente dita,
isto é, coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, a alma
pode ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada
ou obsidiada ao ponto de a sua vontade
vir a achar-se, de certa maneira, paralisada. São esses os verdadeiros possessos. Mas, é preciso saibas que essa dominação
não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por sua
fraqueza, quer por desejá-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais
necessitavam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos. O
vocábulo possesso, na sua acepção vulgar,
supõe a existência de demônios,
isto é, de uma categoria_de_seres_maus por natureza, e a coabitação de um desses seres com a
alma
de um indivíduo, no seu corpo. Pois que, nesse sentido, não há
demônios
e que dois
Espíritos
não podem habitar simultaneamente o mesmo corpo, não há possessos
na conformidade da ideia a que esta palavra se acha associada. O termo possesso
só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode
achar-se com relação a Espíritos imperfeitos que a subjuguem. [9a - página 250 questão 474]
____Apesar de naturalmente compreensível para os estudiosos do Espiritismo,
pode parecer estranho àqueles que não se aprofundaram adequadamente no
tema as seguintes afirmações: Possessão é um fenômeno possível e
este não é, invariavelmente, uma obsessão. ____Este entendimento requer uma consulta criteriosa à Codificação, pois
trata-se de assunto que o próprio Allan_Kardec revisitou durante sua obra e num
ato de verdadeira humildade desenvolveu-o, complementando o sentido que
aparentemente havia firmado desde 1857 n’O Livro dos Espíritos (LE).
Somente a partir de 1863, na Revista Espírita, o Codificador revê o
conceito de possessão, admitindo a sua existência não mais como subjugação,
mas em seu sentido exato. Sobre o caso verificado da Srta. Julie (RE -
Dez/1863), Kardec expressa-se da seguinte maneira: “Temos
dito que não havia possessos (ver LE-473, por exemplo) no sentido vulgar
do vocábulo mas somente subjugados. Voltamos a esta asserção
absoluta porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão,
isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um
encarnado.” ____Somente alguém da nobreza moral e intelectual de Kardec poderia retomar
um conceito que ele mesmo propagava como absoluto mas que evidenciou-se,
através de fatos comprovados e pelo crivo racional, com diferente acepção.
Este é um exemplo do dinamismo da Doutrina, que só pode ocorrer quando
validado pela razão e demonstrado irrefutavelmente. ____Para melhor diferenciação, devemos conceituar estes termos conforme
encontramos n’A Gênese (GEN - Cap XIV - itens 45 a 49):
- Obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce
sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a
simples influência moral sem sinais exteriores sensíveis até a
perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.
- Possessão é a ação que um Espírito exerce sobre um indivíduo
encarnado, substituindo-o temporariamente em seu próprio corpo
material. Esta ação não é permanente considerando que a união
molecular do perispírito ao corpo opera-se
somente no momento da
concepção.
A diferença no processo de comunicação entre os fenômenos de
psicofonia e de possessão também pode ser
evidenciada:
- No primeiro, o
Espírito comunicante transmite seus pensamentos ao encarnado e este
encarrega-se de retransmitir conforme seus próprios recursos;
- no segundo
caso, é o próprio desencarnado que serve-se (apossa-se) diretamente do
corpo material e transmite a sua mensagem (o Espírito encarnado afasta-se
mas ainda permanece ligado ao seu envoltório físico).
____Esclarecendo objetivamente que a possessão pode ser promovida por um Espírito
bom, encontramos (GEN – Cap. IV – item 48): “A obsessão sempre é o
resultado da atuação de um Espírito malfeitor. A possessão pode ser
o feito de um bom Espírito que quer falar e, para fazer mais impressão
sobre os seus ouvintes, toma emprestado o corpo de um encarnado, que este
lhe cede voluntariamente tal como se empresta uma roupa. Isto se faz sem
nenhuma perturbação ou incômodo e, durante este tempo, o Espírito se
encontra em liberdade como num estado de emancipação e freqüentemente
se conserva ao lado de seu substituto para o ouvir.” ____Obviamente a possessão também pode ocorrer através de um Espírito
malfeitor e neste caso caracteriza-se um processo obsessivo. Assim ocorre
quando a vítima não possui força moral para resistir à agressão e é
obrigada a afastar-se temporariamente de seu corpo (obs: mais uma vez é
importante ressaltar que nestes momentos a vítima permanece ligada ao
corpo mas sem o seu domínio). ____Considerando o presente nível moral da humanidade não é de se estranhar
que há muito mais casos de possessões obsessivas do que aquelas com
finalidades edificantes. ____O Espiritismo, mais uma vez, lança luzes sobre males ainda considerados
pelas ciências materialistas como de causa patológica. Não descartando
esta possibilidade (anormalidade orgânica) a Doutrina Espírita faz
conhecer outras fontes das misérias humanas, mantidas pela fragilidade
moral dos seres. Inteligência e
Amor são as armas para combater desequilíbrios. ____Tratam-se de experiências geralmente individuais (como a da Srta. Julie,
citada anteriormente) mas Kardec também relata ocorrências de possessão
coletiva (ver RE – 1862/63 – casos em Morzine e Tananarive). ____Assim, contribuindo para o real entendimento deste processo, devemos
distinguir os fenômenos de possessão e obsessão. A possessão ocorre
e pode ser boa ou má; a obsessão sempre é má. Portanto, nem toda
possessão é obsessão. Muita
Paz!
Marcos Milani - Milani@espirita.zzn.com (Retirado
do Boletim GEAE Número 445 de 30 de outubro de 2002) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/possessao.html |
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