____Os atributos_medianímicos são
como os talentos_do_Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau
servo torna-se indigno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor.
Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus,
sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo,
do orgulho, da vaidade
ou da exploração_inferior,
podem deixar o intermediário do
invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais
dolorosas perspectivas de expiação,
em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.
[41a - página 216] - EMMANUEL - 1940 ____A
faculdade_mediúnica
está sujeita a intermitências e a suspensões temporárias, quer para as manifestações_físicas, quer para a escrita. Damos a seguir as respostas que obtivemos dos Espíritos a algumas perguntas
feitas sobre este ponto:
- Podem
os médiuns perder a faculdade que possuem?
R -"Isso freqüentemente acontece, qualquer que seja o gênero
da faculdade. Mas, também, muitas vezes apenas se verifica uma
interrupção passageira, que cessa com a causa que a produziu."
- Estará
no esgotamento do fluido
a causa da perda da mediunidade?
R -"Seja qual for a faculdade que o médium possua, ele nada
pode sem o concurso simpático
dos Espíritos. Quando nada mais obtém, nem sempre é porque lhe
falta a faculdade; isso não raro se dá, porque os Espíritos não mais
querem, ou podem servir-se dele."
- Que
é o que pode causar o abandono de um médium, por parte dos Espíritos?
R -"O que mais influi para que assim procedam os bons
Espíritos é o uso que o médium faz da sua faculdade. Podemos
abandoná-lo, quando dela se serve para coisas frívolas, ou com propósitos
ambiciosos; quando se nega a transmitir as nossas palavras, ou os fatos por
nós produzidos, aos encarnados que para ele apelam, ou que têm necessidade
de ver para se convencerem. Este dom de Deus não é concedido ao
médium para seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas
ambições, mas para o fim da sua melhora espiritual e para dar a conhecer
aos homens a verdade. Se o Espírito verifica que o médium já não
corresponde às suas vistas e já não aproveita das instruções nem dos
conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de um protegido mais digno."
- Não
pode o Espírito que se afasta ser substituído e, neste caso, não se
conceberia a suspensão da faculdade?
R -"Espíritos não faltam, que outra coisa não desejam senão
comunicar-se e que, portanto, estão sempre prontos a substituir os que se
afastam; mas, quando o que abandona o médium é um Espírito bom, pode
suceder que o seu afastamento seja apenas temporário, para privá-lo,
durante certo tempo, de toda comunicação, a fim de lhe provar que a sua
faculdade não depende dele médium e que, assim, razão não há para dela
se vangloriar. Essa impossibilidade temporária também serve para dar ao
médium a prova de que ele escreve sob uma influência estranha, pois, de
outro modo, não haveria intermitências."
"Em suma, a interrupção da faculdade nem sempre é uma punição;
demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium, a quem
consagra afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material
de que o julgou necessitado, caso em que não permite que outros Espíritos
o substituam."
- Vêem-se,
no entanto, médiuns de muito mérito, moralmente falando, que nenhuma
necessidade de repouso sentem e que muito se contrariam com essas
interrupções, cujo fim lhes escapa.
R -"Servem para lhes pôr a paciência à prova e para lhes
experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum
termo, em geral, assinam à suspensão da faculdade mediúnica; é para
verem se o médium descoroçoa. E também para lhe dar tempo de
meditar as instruções recebidas. Por essa meditação dos nossos
ensinos é que reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos que, na realidade, não passam de amadores de
comunicações."
- Será
preciso então, que, nesse caso, o médium prossiga nas suas tentativas para
escrever?
R -"Se o Espírito lhe aconselhar isto, deve; se lhe disser que
se abstenha, não deve."
- Haveria
meio de abreviar essa prova?
R -"A resignação e a prece. Demais, basta que faça
cada dia uma tentativa de alguns minutos, visto que inútil lhe será perder
o tempo em ensaios infrutíferos. A tentativa só deve ter por fim
verificar se já recobrou, ou não, a faculdade."
- A
suspensão da faculdade não implica o afastamento dos Espíritos que
habitualmente se comunicam?
R -"De modo algum. O médium se encontra então na situação
de uma pessoa que perdesse temporariamente a vista, a qual, por isso, não
deixaria de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitada de os ver. Pode, portanto, o médium e até mesmo deve continuar a comunicar-se pelo
pensamento com seus Espíritos familiares e persuadir-se de que é
ouvido. Se é certo que a falta da mediunidade pode privá-lo das
comunicações ostensivas com certos Espíritos, também certo é que não o
pode privar das comunicações morais."
- Assim,
a interrupção da faculdade mediúnica nem sempre traduz uma censura da
parte do Espírito?
R -"Não, sem dúvida, pois que pode ser uma prova de
benevolência."
- Por
que sinal se pode reconhecer a censura nesta interrupção?
R -"Interrogue o médium a sua consciência e inquira de si
mesmo qual o uso que tem feito da sua faculdade, qual o bem que dela tem
resultado para os outros, que proveito há tirado dos conselhos que se lhe
têm dado e terá a resposta."
- O
médium que ficou impossibilitado de escrever poderá recorrer a outro
médium?
R -"Depende da causa da interrupção, que tem por fim,
amiúde, deixar-vos algum tempo sem comunicações, depois de vos terem dado
conselhos, a fim de que vos não habitueis a nada fazer senão com o nosso
concurso. Se este for o caso, ele nada obterá recorrendo a outro médium, o
que também ocorre com o fim de vos provar que os Espíritos são livres e
que não está em vossas mãos obrigá-los a fazer o que queirais. Ainda por
esta razão é que os que não são médiuns nem sempre recebem todas as
comunicações que desejam."
NOTA. Deve-se efetivamente observar que aquele
que recorre a terceiro para obter comunicações, não obstante a
qualidade do médium, muitas vezes nada de satisfatório consegue, ao
passo que doutras vezes as respostas são muito explicitas. Isso tanto
depende da vontade do Espírito, que ninguém coisa alguma adianta
mudando de médium. Os próprios Espíritos como que dão, a esse
respeito, uns aos outros a palavra de ordem, porquanto o que não se
obtiver de um, de nenhum mais se obterá. Cumpre então que nos
abstenhamos de insistir e de impacientar-nos, se não quisermos ser
vítimas de Espíritos
enganadores, que responderão, dado procuremos
à viva força uma resposta, deixando os bons que eles o façam, para
nos punirem a insistência. |
- Com
que fim a Providência outorgou de maneira especial, a certos indivíduos, o
dom da mediunidade?
R -"É uma missão de que se incumbiram e cujo desempenho os
faz ditosos. São os intérpretes dos Espíritos com os homens."
- Entretanto,
médiuns há que manifestam repugnância ao uso de suas faculdades.
R -"São médiuns
imperfeitos; desconhecem o valor da graça que lhes é
concedida."
- Se
é uma missão, como se explica que não constitua privilégio dos homens de
bem e que semelhante faculdade seja concedida a pessoas que nenhuma estima
merecem e que dela podem abusar?
R -"A faculdade lhes é concedida, porque precisam dela para se
melhorarem, para ficarem em condições de receber bons ensinamentos. Se
não aproveitam da concessão, sofrerão as conseqüências. Jesus não
pregava de preferência aos pecadores, dizendo ser preciso dar àquele que
não tem?"
- As
pessoas que desejam muito escrever como médiuns, e que não o conseguem,
poderão concluir daí alguma coisa contra si mesmas, no tocante à
benevolência dos Espíritos para com elas?
R -"Não, pois pode dar-se que Deus lhe haja negado essa
faculdade, como negado tenha o dom da poesia, ou da música. Porém, se não
forem objeto desse favor, podem ter sido de outros."
- Como
pode um homem aperfeiçoar-se mediante o ensino dos Espíritos, quando não
tem, nem por si mesmo, nem com o auxílio de outros médiuns, os meios de
receber de modo direto esse ensinamento?
R -"Não tem ele os livros, como tem o cristão o Evangelho?
Para praticar a moral de Jesus, não é preciso que o cristão tenha ouvido
as palavras ao lhe saírem da boca."
[17b - página 259
item 220] |