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Casamento:
João Pedro Vieira Machado |
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Leonarda Josepha da Fraga |
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Já falecidos em 24/01/1941
Tronco de ilustre família local de que muitos membros ocuparam cargos de relevo na nossa terra, João Pedro Vieira Machado fundou naqueles tempos “Entre Morros”, ajudado por sua esposa, Leonarda da Fraga, matrona de grandes virtudes. O casal adquirira a posse a um casal de ilhéus, Antonio Gonçalves Serpa e Ana Maria do Coração de Jesus Serpa, também vindos de Santa Tereza de Valença, por volta de 1854 e que aqui esteve até 1856, quando alienou sua gleba e se retirou do município. Do casal Serpa, se derivou uma ilustre descendência que até hoje honra o município. (Informações retiradas do livro “MUQUI-CIDADE MENINA” 1850-1989, de Paulo Henriques de Mendonça)
Filhos:
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- Pedro João Vieira Machado c.c. Firmina Vieira de Almeida
- Cesar Vieira Machado c.c. Maria Rilta Ribeiro Machado
- Jose do Carmo Vieira Machado c.c. Narciza Vargas Vieira, filha de João Vieira Machado e Thereza de Vargas Vieira
Falecido no dia 24/01/1941, às 15 e 1/2 horas, com 78 anos de idade, em Muqui-ES
Causa da Morte: Anúria (A anúria é a ausência de produção e eliminação de urina, sendo considerada um sintoma de alterações no sistema urinário, como obstrução nas vias urinárias ou insuficiência renal aguda, por exemplo, ou ser um sinal de diabetes não controlada e/ ou hipertensão, por exemplo)
Deixou filhos e bens a inventariar.
Filme de número 106323424
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-D3C4-99ZR-W?i=1414&cat=3491564
Pais de:
- Jose Vieira Machado, nascido no dia 19/01/1902, às 5 horas, em Muqui-ES
Testemunas: Avides Fraga e Herminio Duarte
Filme 106325390
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-83C4-4F22?i=782&cc=4473668
- Olegario Vieira Machado c.c. Edite Mendes Vieira, filha de pais desconhecidos
Pais de:
- Jose Vieira Machado, nascido no dia 02/04/1914, às 2horas, em Muqui-ES
Testemunhas: Jose da Silva Crespo e Jose Vitorino de Lima
Filme 106325390
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-83C4-4F22?i=782&cc=4473668
- Hermes Vieira Machado c.c. Julia Duprat Pinto Vieira Machado, filha de Severino Ferreira Pinto e Julias Duprat Pinto.
Pais de:
- Dirceu Duprat Machado, nascido no dia 18/12/1933, às 11 horas, em Muqui-ES
Testemunhas: Jose da Silva Crespo e Jose Vitorino de Lima
Filme 106325390
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-83C4-4F22?i=782&cc=4473668
- Odicea Vieira Machado, nascida no dia 28/09/1910, às 9 horas, em Muqui-ES
Testemunhas: Dr. Christiano de Resende e Pedro Basto
Filme 106325390
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-83C4-4F22?i=782&cc=4473668
Odicea Vieira Machado Mendes (28/09/1910) c.c. Henrique Mendes do Valle (24/07/1900, MG), filho de Antonio Mendes do Valle e Rita Gomes de Araujo
Casaram-se no dia 28/05/1936, em Muqui-ES
Testemunha: Antonio Constancio da Silva e Severino Ferreira Pinto
Filme de número: 106323452
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-83C4-99RZ-C?mode=g&cat=3491564
- Maria Vieira da Rocha c.c. Magid Said da Rocha, filho de Felipe Said da Rocha e Posleia Alves da Rocha.
Pais de:
- Tereza Vieira da Rocha, nascida no dia 18/12/1933, às 24 horas, em Muqui-ES
Testemunhas: Jose da Silva Crespo e Jose Vitorini de Lima
Filme 106325390
https://www.familysearch.org/ark:/61903/3:1:3QHV-83C4-4F22?i=782&cc=4473668
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Alguma páginas do livro “MUQUI-CIDADE MENINA” 1850-1989
de Paulo Henriques de Mendonça
(Veja o aparecimento de Antonio de Almeida Ramos numa destas paginas)
DESBRAVAMENTO DO MUNICíPIO
As notícias do desbravamento do solo do município de Muqui remontam ao século XIX, por volta de 1850, segundo a tradição oral e documental que possuímos e que nos levam
aquela época recuada. A velha Província fluminense, de solo já esgotado, depois que o café já empreendera o seu “rush” pelo vale do Paraíba, carreando nos seus frutos a manta de terra fértil daquele portentoso vale, forneceu os primeiros desbravadores de nosso solo.
Felizmente, não tivemos nos nossos inicios gente de origem duvidosa ou fugidos da ação criminal. Para aqui veio gente de boa cepa, famílias de elevado timbre moral que aqui continuaram as tradições avoengas, formando clãs que são o nosso orgulho. Narram as crônicas antigas e os testemunhos são unânimes, que foi na bacia do ribeirão Sumidouro que se deu a primeira penetração.
Talvez um pouco antes daquela época, ali fez a primeira “aberta” no maciço florestal que era a nossa região, um caboclo de nome João Corumbá de que não encontraremos mais notícias, perdendo-se na noite dos tempos.
Logo após, para aqui veio um moço da família ilustre da Província do Rio de Janeiro, Jose Pinheiro de Souza Werneck, da heráldica Valença, e adquiriu a João Corumbá os seus direitos na “aberta” feita na região de Sumidouro, adquirindo depois todas as terras situadas na bacia, dada a sua qualidade e a portentosa exuberância de suas matas e a beleza do lugar onde havia de assentar a mais famosa fazenda do nosso município, naquela época.
Adquiriu as terras, foi a Vitória e ali, pagando a cisa, na quantia de R$ 2.800$000(dois contos e oitocentos mil réis), se imitiu nos direitos de propriedade da Bacia do Sumidouro, precisamente em 1850. Jose Pinheiro de Souza Werneck foi o primeiro marco humano do início do desbravamento do nosso solo. Descendente dos Barões de Ipiabas, família tradicional da terra fluminense, e ele mesmo era pessoa afável, educada e fma, comprovou no decorrer dos tempos ser possuidor de grande caráter.
Ele abriu sua fazenda no sopé da serra dos Pirineus, onde o vale do Sumidouro se alarga em grande anfiteatro e alí, às margens do riacho e defrontando o imenso muro granítico que lhe barrava a vista, ergueu a sede de sua fazenda. Em homenagem à sua mulher, deu à mesma o nome de Santa Tereza. Mas associando a homenagem à terra dadivosa que o acolhia acrescentou o de Sumidouro, chamando-a, assim, Fazenda Santa Tereza do Sumidouro, a propriedade que alí formou e que, no seu tempo, foi o centro da vida social e rural de nosso município.
Até hoje, ainda existe a imagem de Santa Tereza, obra de entalhe em cedro, padroeira da fazenda, e que Jose Pinheiro de Souza Werncck, conservava no nicho de sua Casa Grande e que é um primor de arte e de beleza, com o seu manto pintado a ouro. Essa imagem constitui uma das reliquias daqueles tempos de esplendor que marcam o início do povoamento de nosso solo e o gosto de seus primeiros fazendeiros e colonizadores.
Foi na grande fazenda que se realizaram festanças retumbantes, havendo na sua imensa sede, salões de música, sala de fumar, sala de bilhar, tudo muito bem mobiliado, constituíndo ainda os seus móveis, objeto de intensa procura pela sua beleza de linhas e a preciosidade do jacarandá maciço que neles se empregou. De Jose Pinheiro de Souza Werneck, se originou tradicional família do Sul do Estado, conhecida pelo seu caráter e sua formação moral e religiosa, cujos membros desempenharam missão nos diversos setores da vida dos municípios sulinos.
Mais ou menos ao mesmo tempo, às margens do ribeirão Muqui do Norte se localizava Francisco Gonçalves da Costa, fundador da Fazenda São Francisco, também grande feudo que se constituiu na sede das Fazendas Reunidas João Vieira da Fraga S.A, grande empresa agro-pastoril.
João Jacinto da Silva, também à mesma época, fundava a Fazenda Boa Esperança, bem perto do lugar onde deveria surgir a povoação que deu origem à nossa cidade, ali erguendo a sua sede.
João Pedro Vieira Machado, tronco de ilustre família local de que muitos membros ocuparam cargos de relevo na nossa terra, fundou naqueles tempos “Entre Morros”, ajudado por sua esposa, Leonarda da Fraga, matrona de grandes virtudes. O casal adquirira a posse a um casal de ilhéus, Antonio Gonçalves Serpa e Ana Maria do Coração de Jesus Serpa, também vindos de Santa Tereza de Valença, por volta de 1854 e que aqui esteve até 1856, quando alienou sua gleba e se retirou do município. Do casal Serpa, se derivou uma ilustre descendência que até hoje honra o município.
A Fazenda Santa Rita, também de terras magníficas, foi fundada nessas alturas do século
XIX, por Gabriel Ferreira da Silva, enquanto Benício de Souza Machado abria a Fazenda São
João e Azarias Ferreira de Paiva, cepa que se ramificou em família renomada pelos seus
rebentos ilustres, fundava do outro lado de nosso município, a Fazenda Primavera e Fortunato Jose Ribeiro, outro varão ilustre, abria a Fazenda Bom Destino.
Foram nesses locais que ecoaram, pela primeira vez nas novas terras, os batidos dos machados derrubadores. Ali ressoou, entre os puris que habitavam essas regiões, a primeira cantiga dos machadeiros. Foi nesses lugares que os primeiros gigantes de nossas florestas cairam como testemunhas mudas e silenciosas do progresso que ia começar.
Em 1852, Jose Pinheiro de Souza Werneck, que trouxera, a princípio, somente a mudança, concorrera para a vinda de Antonio Candido dos Santos, outro grande desbravador de nossas terras, transferindo-lhe, e a seu irmão Manoel Candido dos Santos, terras que viriam a constituir as fazendas de Providência e Alpes, no mesmo valedo Sumidouro. Antonio Candido dos Santos foi o fundador da família Candido que até hoje vive na fazenda Providência, cujos filhos laboriosos continuam as tradições avoengas.
Na fazenda dos Alpes, fixou-se posteriormente, Mariano Jose Coelho, acompanhado do seu filho Mariano Coelho Filho, que depois se transferiram para outro setor, fundando a Fazenda Saudade, cujo nome evoca a lembrança da terra natal, deixando numerosa descendência de filhos laboriosos.
Ainda no vale do Sumidouro, deu-se a fixação de uma linhagem ilustre de desbravadores, vindos, como os outros, da Província do Rio de Janeiro, de Pati do Alferes: os Miranda Jordão, de que o ramo fluminense teve descendentes ilustres na cultura e nas letras. Para aqui vieram, atraidos pela fama de nossas terra, três irmãos: Luiz Carlos, Antonio Carlos e Jose Carlos de Miranda Jordão, três homens de valor que aqui se fixaram. Eles não vieram sós. Trouxeram escravos e aqui fundaram as duas fazendas de Candura e Alpes e seus descendentes ainda viveram no município, exercendo atividades em diversos setores da vida.
A bacia do Sumidouro, riacho que recebeu este nome porque desaparece em certa altura de seu curso, aparecendo alguns quiometros mais abaixo, constituiu a força de nossa colonização inicial. Tendo adquirido a propriedade de todas as terras situadas em águas e vertentes do vale, a “posse” de Jose Pinheiro de Souza Werneck era grande demais para permanecer íntegra, tanto mais que foi seu desejo wlonizá-la rapidamente.
De sua área, formada de várias léguas, derivaram-se propriedades menores mas que se tornaram fazendas prósperas como Macedônia, aberta por Antonio Gomes de Macedo; Progresso, fundada por Ignacio de Souza Pinheiro, também tronco de grande e numerosa família; Fortaleza, colonizada por Antonio de Almeida Ramos que, mais tarde, mudando-se para Conservatória, na Província do Rio de Janeiro, vendeu seus direitos a Otavio de Souza Werneck; Monte Carmelo, fundada por Viriato de Souza Werneck e Orange, por Euclydes Pinheiro de Souza Werneck, todos núcleos de famiias que deixaram laboriosa descendencia.
Enquanto se operava o desbravamento nesta parte do município, no atual segundo distrito, também se realizava o esforço colonizador empreendido por várias e distintas famílias. A Fazenda Verdade, foi aberta entre 1856 e 1860 por Antonio de Azevedo Ramos, que deixou descendência ainda localizada nessa mesma região. Foi na Fazenda Verdade que tivemos notícias dos primeiros aldeamentos de índios Purís, narrado por Reginaldo Ramos, velho descendente dos colonizadores e figura de solitário que viveu nas terras desmembradas da Fazenda Verdade e que nos narrou episódios interessantes da vida e dos costumes daqueles índios.
A viúva Maria Vitória Leal, extraordinária têmpera de mulher acompanhada de seu filho Antonio Gomes Leal, abriu a Fazenda São Gabriel à margem do rio Muqui, enquanto Maw Gomes Leal abria a Fazenda Santa Rosa, logo à frente e Marcolina Gomes Leal, outra valorosa mulher, ajudava seu marido, Luiz de Morais França, a iniciar a Fazenda São Luiz. Maria Gomes Leal, já viúva, também se empenhou dos primeiros e afanosos trabalhos de desbravamento, fixando-se nessa zona de nosso municíoio. Famílias distintas e ilustres aqui -entregaram à gloriosa faina, desbravadores uns, agricultores outros, mas todos cidadãos dignos e merecedores de gratidão pelo muito que realizaram.
Em linhas gerais, deu-se assim a fixação dos focos de nossa colonização. Daí se derivou esforço hercúleo de que resultou ser o município um dos primeiros produtores de café, marcando o seu progresso com iniciativas de vulto, decorrentes do arrojo de seus filhos trabalhadores e idealistas.
De tribos indígenas, obtivemos apenas a notícia de que índios Purís habitaram um aldeamentos na Fazenda da Verdade e constituíram um agregado de cerca de 60 deles.
Segundo a narrativa de Reginaldo Ramos, os Purís só trabalhavam quando apanhados de surpresa. Quando se marcava, de véspera, qualquer tarefa, na manhã seguinte não se encontrava nenhum deles, pois, todos despareciam nas matas, antes do alvorecer, Eles eram de estatura mediana, fortes, de famílias numerosas, bons dentes e manejavam o arco com maestria.
Contou-nos nosso informante que certa vez viu um homem atravessado por uma de suas flechas quando procurava apanhar um “barbado” por ele morto e que se “enganchara” numa forquilha de pau. Reginaldo Ramos também nos mostrou o local onde foi feito o aldeamento, onde uma possível escavação pode revelar objetos de uso dos Purís que habitavam aquela região.
Também adiantou o informante que os Purís gostavam de cachaça e eram controlados por indivíduo que atendia pelo nome de Candinho dos Purís, que era o orientador da tribo, o “mestre-língua”. São essas poucas e únicas referências obtidas a respeito dos índios em seu município, não se sabendo a época de seu desaparecimento ou para onde se deslocaram.
Larga e fecunda contribuição ao desbravamento de nossas terras prestou o elemento ~<y através do braço escravo, a princípio e depois por meio dos numerosos trabalhadores que ainda prestam serviços nas lavouras. Contam as crônicas que tivemos fazendas que chegaram
a possuir 80 a 100 escravos. As propriedades que tiveram braço servil, foram as de Santa Rita,
Floresta, Entre Morros, Bom Destino, Sumidouro, Verdade, Desengano, Saudade, Primavera
e Providência.
Delas recolheu o “Museu da Escravidão”, inaugurado no município, material abundante que testemunha o trabalho da população negra no esforço do desbravamento do município. Examinando-se os instrumentos de suplicio aqui recolhidos, chega-se à conclusão de que os nossos senhores de escravos foram humanitários, pois nenhum deles revela a índole bárbara e sanguinária que predominou na mentalidade daquele tempo.
O Museu da Escravidão é um repositório desses instrumentos e constituiu uma iniciativa louvável que visava a restauração daqueles recuados tempos, em que o sofrimento e o sangue de nossos negros ajudaram a construir a nossa grandeza. Tanto mais louvável é a iniciativa quanto já são raros os tipos de castigo daquela sombria época que marcou, com o sangue do elemento negro, uma página heróica de sacrifícios pela grandeza da pátria comum.
A nós, nos parece, que o Museu da Escravidão foi a primeira tentativa desse gênero no Brasil, no sentido de recomposição de uma sombria época da nossa história. As culturas de café, fumo, milho, arroz, algodão, contaram, em seu desenvolvimento, com auxílio do elemento negro.
Mas não só no terreno do esforço braçal tivemos a colaboração do negro. Registraram os nossos maiores o trabalho do escravo na carpintaria e na marcenaria. Atribui-se a um escravo de nome João Marceneiro, da Fazenda do Sumidouro, a confecção de seu belo mobiliário de jacarandá, de que uma exposição de móveis do segundo reinado, realizada no município (em junho de 1956) exibiu alguns exemplares com absoluto sucesso, tais como mesa, cadeira, sofás, oratório e santos esculpidos a canivete e de rara beleza.