- Um
dos maiores escolhos da mediunidade
é a obsessão,
quer dizer, o domínio que certos Espíritos
podem exercer sobre os médiuns,
impondo-se a eles sob nomes apócrifos
e impedindo-os de se comunicarem com outros
Espíritos. É , ao mesmo tempo, um escolho
para o observador novato e inexperiente que, não
conhecendo os caracteres do fenômeno, pode ser
enganado pelas aparências. Se o estudo prévio, nesse caso, é útil
para o observador, ele é indispensável para o
médium no sentido que lhe fornece os meios de
prevenir um inconveniente que poderia lhe ter conseqüências
deploráveis; por isso não nos parece demasiado recomendar
o estudo antes de se entregar à prática.
- Um
dos caracteres distintivos dos maus_Espíritos é quase sempre penosa,
fatigante, e produz uma espécie de mal-estar; freqüentemente ela
provoca uma agitação febril, movimentos bruscos e irregulares. A
impressão dos bons
Espíritos, ao contrário, é calma, doce, e proporciona
um verdadeiro bem-estar.
- Aqueles
que não admitem nada fora da matéria, não podem admitir uma
causa oculta; mas quando a ciência tiver saído da rotina materialista,
ela reconhecerá na ação do mundo invisível que nos cerca e
no meio do qual vivemos, uma força que reage sobre as coisas
físicas, tanto quanto sobre as coisas morais.
Esse será um novo caminho aberto ao progresso e
a chave de uma multidão de fenômenos mal compreendidos.
- Como
a obsessão não pode jamais decorrer de um bom_Espírito, um ponto essencial é o de
saber reconhecer_a_natureza_daqueles_que_se_
apresentam. O médium
não esclarecido pode ser enganado pelas aparências;
aquele que está prevenido espreita os menores sinais suspeitos,
e o Espírito acaba por se retirar quando vê que nada tem a fazer.
O conhecimento prévio dos meios de distinguir os bons dos maus_
Espíritos é, pois,
indispensável ao médium que não quer se expor a ser preso
na armadilha. Ele não é menos indispensável para o simples observador
que pode, por esse meio, apreciar o valor daquilo que vê ou ouve.
(O Livro dos Médiuns, cap. XXIV.)
Allan
Kardec [78
- Escolho dos médiuns]

____O primeiro inimigo do médium reside dentro dele
mesmo. Freqüentemente é:
- O personalismo,
- a
ambição,
- a ignorância
- Ou a rebeldia no voluntário
desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de
inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à
leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
|
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo
estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa-vontade, com o melhor esforço
de auto-educação, à claridade do Evangelho. |
- O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das atividades contrárias à
expansão da Doutrina, mas no próprio seio das organizações
espiritistas, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos fenômenos,
sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do
Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências
nocivas, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem
reconhecer a realidade de suas deficiências e a exigüidade dos seus
cabedais íntimos.
- Habituados ao estacionamento, esses irmãos infelizes
desdenham o esforço próprio — única estrada de edificação
definitiva e sincera — para recorrerem aos Espíritos amigos nas menores
dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de
cartomante.
- Incapazes do
trabalho interior pela edificação própria na fé
e na confiança em Deus, dizem-se necessitados de conforto.
- Se
desatendidos em seus caprichos inferiores e nas suas questões pessoais,
estão sempre prontos
para acusar e escarnecer.
- Falam da
caridade, humilhando todos os princípios
fraternos; não conhecem outro interesse além do que lhes lastreia o seu
próprio egoísmo.
- São irônicos, acusadores e procedem quase sempre como
crianças levianas e inquietas.
- Esses são também aqueles elementos da
confusão, que não penetram o templo de Jesus e nem permitem a entrada de
seus irmãos.
|
____Esse gênero de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e
insistente nos seus processos de insinuação, sendo indispensável que o
missionário do bem e da luz se resguarde na prece e na vigilância. E
como a verdade deve sempre surgir no instante oportuno, para que o campo
do apostolado não se esterilize, faz-se imprescindível fugir deles.
[41a - página 227] EMMANUEL - 1940 |