O duelo não é legítima defesa. É um assassínio e um costume absurdo, digno dos bárbaros. Com uma civilização mais adiantada
e mais moral, o homem compreenderá que o duelo é tão ridículo quanto os combates que outrora se consideravam como o juízo
de Deus.
[9a
p.354 q.757] Por
parte daquele que, conhecendo a sua própria fraqueza, tendo a quase certeza de
que sucumbirá, é um suicídio.
E
quando as probabilidades são as mesmas para ambos os duelistas, haverá assassínio e suicídio.
Em
todos os casos, mesmo quando as probabilidades são idênticas para ambos os
combatentes, o duelista incorre em culpa, primeiro, porque atenta friamente e de
propósito deliberado contra a vida de seu semelhante; depois, porque expõe
inutilmente a sua própria vida, sem proveito para ninguém.
[9a
p.355 q.758] O
que se chama ponto de honra, em matéria de duelo,
é orgulho e vaidade:
dupla chaga da Humanidade.
Quando
os homens forem melhores e estiverem mais adiantados em moral, compreenderão
que o verdadeiro ponto de honra está acima das paixões terrenas e que não é matando, nem se deixando matar, que repararão agravos.
Há
mais grandeza e verdadeira honra em confessar-se culpado o homem, se cometeu
falta, ou em perdoar, se de seu lado esteja a razão, e, qualquer que seja o
caso, em desprezar os insultos, que o não podem atingir.
[9a
p.355 q.759] |