____O escolho com que topa a maioria dos médiuns principiantes é o de
terem de haver-se com Espíritos_inferiores e devem dar-se por felizes quando são
apenas Espíritos_levianos. Toda atenção precisam pôr em que tais Espíritos não
assumam predomínio, porquanto, em acontecendo isso, nem sempre lhes será fácil
desembaraçar-se deles. É ponto este de tal modo capital, sobretudo em começo, que, não
sendo tomadas as precauções necessárias, podem perder-se os frutos das mais
belas faculdades.
- A primeira condição é colocar-se o
médium, com fé sincera, sob a
proteção de Deus e solicitar a assistência do seu anjo_de_guarda, que é sempre bom, ao
passo que os espíritos familiares, por simpatizarem com as suas boas ou más qualidades,
podem ser levianos ou mesmo maus.
- A segunda condição é aplicar-se, com meticuloso cuidado, a reconhecer, por
todos os indícios que a experiência faculta, de que natureza são os
primeiros Espíritos que se comunicam e dos quais manda a prudência sempre se desconfie. Se forem
suspeitos esses indícios, dirigir fervoroso apelo ao seu anjo de guarda e
repelir, com todas as forças, o mau_Espírito, provando-lhe que não conseguirá enganar,
a fim de que ele desanime.
____Por isso é que indispensável se faz o estudo prévio da
teoria, para todo aquele que queira evitar os inconvenientes peculiares à experiência. A este
respeito, instruções muito desenvolvidas se encontram nos capítulos Da obsessão
e Da identidade dos Espíritos. ____Limitar-nos-emos aqui a dizer que, além da
linguagem, podem considerar-se provas infalíveis da inferioridade dos
Espíritos,
todos os sinais, figuras, emblemas inúteis, ou pueris; toda escrita extravagante, irregular,
intencionalmente torturada, de exageradas dimensões, apresentando formas ridículas e
desusadas. ____A
escrita pode ser muito má, mesmo pouco legível, sem que isso tenha o que
quer que seja de insólito, porquanto é mais questão do médium que do Espírito. Temos
visto médiuns de tal maneira enganados, que medem a superioridade dos Espíritos pelas
dimensões das letras e que ligam grande importância às letras bem talhadas, como se foram
letras de imprensa, puerilidade evidentemente incompatível com uma superioridade
real.
[17b - página 254 item 211]
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 ____Se é importante não cair o médium, sem o querer, na dependência dos
maus Espíritos, ainda mais importante é que não caia por espontânea
vontade. Preciso, pois, se torna que imoderado desejo de escrever não o leve a considerar
indiferente dirigir-se ao primeiro que apareça, salvo para mais tarde se livrar dele,
caso não convenha, por isso que ninguém pedirá impunemente, seja para o que for, a
assistência de um mau Espírito, o qual pode fazer que o imprudente lhe pague caro os
serviços.
____Algumas pessoas, na impaciência de verem desenvolver-se em si as faculdades_mediúnicas, desenvolvimento que consideram muito demorado, se lembram de
buscar o auxílio de um Espírito qualquer, ainda que mau, contando despedi-lo
logo. Muitas hão tido plenamente satisfeitos seus desejos e escrito imediatamente. Porém, o
Espírito, pouco se incomodando com o ter sido chamado na pior das hipóteses, menos
dócil se mostrou em ir-se do que em vir. Diversas conhecemos, que foram punidas da
presunção de se julgarem bastante fortes para afastá-los quando o quisessem, por anos
de obsessões de toda espécie, pelas mais ridículas mistificações, por uma
fascinação tenaz e, até, por desgraças materiais e pelas mais cruéis decepções. O
Espírito se mostrou, a princípio, abertamente mau, depois hipócrita, a fim de fazer crer na sua
conversão, ou no pretendido poder do seu subjugado, para repeli-lo à vontade. [17b - página 255 item 212] A seguir, um caso de influenciação citado por André Luiz:
____" ... é verdade, mamãe. Enormes são as nossas imperfeições.
Creia que a minha situação é pior. A senhora experimenta ansiedade, amargura, melancolia... É bem pouco para quem, corno eu, se sente
vítima dos maus pensamentos. Casei-me há menos de oito meses, e, não
obstante o devotamento de minha esposa, tenho o coração, por vezes,
repleto de tentações descabidas. Pergunto a mim mesmo a razão de tais
ideias estranhas e, francamente, não posso responder. A invencível atração
para os ambientes malignos confunde-me o espírito, que sinto inclinado ao
bem e à retidão de proceder. ____— Quem sabe, está você sob a influência
de entidades menos esclarecidas? — considerou a jovem
irmã, com
boas maneiras.
____— Sim — suspirou o rapaz —, por
isso mesmo, venho tentando o desenvolvimento da mediunidade, a fim
de localizar a causa de semelhante situação.
____Nesse instante, o orientador de André Luiz murmurou, desveladamente:
— Ajudemos a este amigo através da
conversação.
____Sem perda de tempo, colocou a destra na fronte da menina, mantendo-a sob
vigoroso influxo magnético e transmitindo-lhe suas ideias generosas. A
menina, a seu turno, pareceu mais nobre e mais digna em sua expressão
quase infantil e respondeu firmemente: — Neste caso, concordo em que o desenvolvimento mediúnicodeve
ser a última solução, porque antes de enfrentar os inimigos, filhos
da ignorância, deveríamos armar o coração com a luz do amor
e da sabedoria. Se você descobrisse perseguidores_invisíveis, em torno de suas atividades, como beneficiá-los
cristãmente, sem a necessária preparação espiritual? A reação
educativa contra o mal é sempre um dever nosso, mas antes de cogitar de
um desenvolvimento_psíquico, que seria talvez prematuro, deveremos procurar a
elevação de nossas ideias e sentimentos.
Não poderíamos contar com uma boa mediunidade
sem a consolidação dos nossos bons propósitos; e para sermos úteis,
nos reinos do Espírito, cabe-nos aprender, em primeiro lugar, a viver
espiritualmente, embora estejamos ainda na carne."
[16a - página 48] André Luiz - 1943
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