____Aliviando o controle sobre as células que a servem no corpo_carnal, a
mente se volta, no sono, para o refúgio de si
mesma, plasmando na onda
constante de suas próprias ideias as imagens com que se compraz nos sonhos
agradáveis em que saca da memória a essência de seus próprios desejos, retemperando-se
na antecipada contemplação dos painéis ou situações que almeja concretizar. - Para
isso, mobiliza os recursos do núcleo da visão superior, no diencéfalo, de vez
que, aí, as qualidades essencialmente ópticas do centro_coronário lhe
acalentam no silêncio do desnervamento transitório todos os pensamentos que
lhe emergem do seio.
- Noutras
ocasiões, no mesmo estado de insulamento, recolhe, no curso do sono, os
resultados de seus próprios excessos, padecendo a inquietação das vísceras
ou dos nervos injuriados pela sua rendição à licenciosidade, quando não seja
o asfixiante pesar do remorso por
faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do
arquivo em que se lhe amontoam as próprias lembranças.
- Numa
e noutra condição, todavia, é a mente suscetível à influenciação dos desencarnados
que, evoluídos ou não, lhe visitam o ser, atraídos pelos quadros que se lhe
filtram da aura, ofertando-lhe auxílio eficiente quando se mostre inclinada à
ascensão de ordem moral, ou sugando-lhe as energias e assoprando-lhe sugestões
infelizes quando, pela própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio
psíquico de espécie aviltante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou
a envolve nas obsessões viciosas pelas quais se entrega a temíveis
contratos
com as forças sombrias.
(Ver: Interferência espiritual na vida)
____Mas
dessa posição de espectador à função de agente existe apenas um passo.
____O pensamento_contínuo, em fluxo insopitável, desloca-lhe a organização celular
perispiritual, à maneira do córrego que em sua passagem desarticula da gleba
em que desliza todo um rosário de seixos. E assim como os seixos soltos
seguem a direção da corrente, lapidando-se no curso dos dias, o corpo
espiritual acompanha, de início, o impulso da corrente_mental que por ele
extravasa, conscienciando-se muito
vagarosamente no sono, que lhe propicia meia-libertação .
[56 - página 130] - Uberaba-MG, 26/3/1958 |