____Uma série de sessões com o fim de obter fotografias de Espíritos
materializados foi organizada com feliz êxito. Um relatório
completo das nossas experiências foi publicado no "Medium and
Daybreak", de 28 de março de 1890, e as fotografias obtidas
acham-se reproduzidas, em 18 de abril do mesmo ano, na mesma
revista. As fotografias foram obtidas à luz do magnésio e, apesar
de interessar-me vivamente pelo êxito desses ensaios, percebi
que a luz agira dolorosamente sobre meus nervos, tornados
demasiado sensíveis durante as sessões.
____Foi no curso dessas experiências que comecei a atribuir certos
efeitos particulares que se produziam depois das sessões à sua
verdadeira causa. Desde o começo dos nossos estudos percebi
que ficava, mais ou menos, sofrendo de náuseas e vômitos
depois das sessões de materialização e aceitava isso como uma
conseqüência natural dos fatos, que não podia ser evitada.
- Assim sempre foi, exceto quando rodeada apenas dos membros
do nosso grupo familiar, ou de crianças.
____Durante as sessões de fotografias, esses incômodos aumentaram
a tal ponto que eu ficava geralmente, por um ou dois dias
depois de cada reunião, em estado de completa prostração e,
como todos os sintomas eram os de um envenenamento pela
nicotina, fizemos experiências e descobrimos que nenhuma
dessas sensações se manifestava quando as pessoas presentes não
tinham o hábito de fumar. Do mesmo modo, quando pessoas
enfermas faziam parte do círculo, invariavelmente eu sofria nas
horas que se seguiam. A companhia de pessoas que tinham o
hábito de beber álcool causava-me um mal-estar quase tão
desagradável como o que era provocado pelos fumantes.
____Essas sessões foram de bastante utilidade. Fiquei sabendo que
muitos hábitos comuns à generalidade dos homens são prejudiciais
aos resultados das sessões e, em todos os casos, àsaúde do
médium. Provavelmente eu me havia tornado mais sensível a
essas influências, porque nunca notara na Inglaterra efeitos tão
pronunciados. É possível também que, por feliz acaso, houvesse
poucos fumantes no nosso círculo inglês. Não sei o motivo, mas
todos os suecos da nossa reunião eram fumantes, e com isso eu
sofria.
____Outro resultado dessas sessões foi tão completamente inesperado
que, nas semanas seguintes, perguntei a mim mesma se não
tinha tido um sonho mau, de cuja impressão não tardaria a libertar-me.
[104 - página 227 - Capítulo XXII]
____Não sei como a sessão principiou; tinha visto Iolanda (Espírito materializado) colocar
seu jarro no ombro e sair do gabinete. Mais tarde, entretanto,
soube o que se passou.
____O que experimentei foi uma sensação angustiosa e horrível,
como se me quisessem sufocar ou esmagar, como se eu fosse
uma boneca de borracha violentamente apertada nos braços de
uma pessoa. Depois, senti-me invadida pelo terror, constrangida
pela agonia da dor; julguei que ia perder a razão e precipitar-me
num abismo medonho, onde nada via, nada ouvia, nada compreendia,
a não ser o eco de um grito penetrante que parecia vir de
longe.
____Sentia-me cair, mas não sabia em que lugar. Tentava segurarme,
prender-me a alguma coisa, mas o apoio faltava-me; desmaiei
e só tornei a mim para estremecer de horror, com a idéia de
haver recebido um golpe mortal.
____Os meus sentidos pareciam dispersos, e não foi senão aos
poucos que pude concentrá-los suficientemente para compreender
o que sucedera. Iolanda tinha sido agarrada por alguém que a
tomou por mim própria.
____Foi o que me contaram. Esse fato era tão extraordinário que,
se me não achasse em tão penoso estado de prostração, eu teria
rido, porém não pude pensar nem mover-me. Sentia que pouca
vida restava em mim e esse sopro de vida era para mim um
tormento. A hemorragia pulmonar, que durante a minha estada
no Sul fora aparentemente curada, reapareceu e uma onda de
sangue quase me sufocou. Dessa sessão resultou para mim uma
longa e grave enfermidade, que fez demorar por muitas semanas
a nossa partida da Inglaterra, pois que eu não podia ser transportada.
____O choque fora terrível e, o que era ainda pior, eu não tinha
capacidade para compreendê-lo.
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