Manifestações físicas espontâneas
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"Caso incrivel" com menina médium de efeitos físicos:

No caso a seguir, seria o Sr. Francisco Lima um médium psicofônico a "ensinar uma religião sui generis", incompreensível ou inaceitável para a época?

Almanak Histórico de Lembranças Brasileiras: http://memoria.bn.br/pdf/706680/per706680_1868_00003.pdf

Predominância religiosa no final do século XIX em Vitória ("Cidade presépio"), capital do Estado do Espírito Santo:

CAPÍTULO V
DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS ESPONTÂNEAS

Ruídos, barulhos e perturbações. - Arremesso de objetos. - Fenômeno de
transporte. - Dissertação de um Espírito sobre os transportes.

____95. Diálogo com o Espírito perturbador da rua des Noyers:

  • 1ª Evocação.

    • "Que tinhas de me chamar? Queres umas pedradas? Então é que se havia de ver um bonito salve-se quem puder, não obstante o teu ar de valentia."
  • 2ª Quando mesmo nos atirasses pedras aqui, isso não nos amedrontaria; até te pedimos positivamente que, se puderes, nos atires algumas.

    • "Aqui talvez eu não pudesse, porque tens um guarda a velar por ti."
  • 3ª Havia, na rua des Noyers, alguém que, como auxiliar, te facilitava as partidas que pregavas aos moradores da casa?
    • "Certamente; achei um bom instrumento e não havia nenhum Espírito douto, sábio e virtuoso para me embaraçar. Porque, sou alegre; gosto às vezes de me divertir."
  • 4ª Qual a pessoa que te serviu de instrumento?
    • "Uma criada."
  • 5ª Era mau grado seu que ela te auxiliava?
    • "Ah! sim; pobre! era a que mais medo tinha!"
  • 6ª Procedias assim com algum propósito hostil?
    • "Eu, não. Nenhum propósito hostil me animava. Mas, os homens, que de tudo se apoderam, farão que os fatos redundem em seu proveito."
  • 7ª Que queres dizer com isso? Não te compreendemos.

    • "Eu só cuidava de me divertir; vós outros, porém, estudareis a coisa e tereis mais um fato a mostrar quenós existimos."
  • 8ª Dizes que não alimentavas nenhum propósito hostil; entretanto, quebraste todo o ladrilho da casa. Causaste assim um prejuízo real.

    • "É um acidente,"
  • 9ª Onde foste buscar os objetos que atiraste?
    • "São objetos muito comuns. Achei-os no pátio e nos jardins próximos."
  • 10ª Achaste-os todos, ou fabricaste algum?
    • "Não criei, nem compus coisa alguma."
  • 11ª E, se os não houvesse encontrado, terias podido fabricá-los?
    • "Fora mais difícil. Porém, a rigor, misturam-se matérias e isso faz um todo qualquer."
  • 12ª Agora, dize-nos; como os atiraste?
    • "Ah! isto é mais difícil de explicar. Busquei auxílio na natureza elétrica daquela rapariga, juntando-a à minha, que é menos material. Pudemos assim os dois transportar os diversos objetos."
  • 13ª Vais dar-nos de boa-vontade, assim o esperamos, algumas informações acerca da tua pessoa. Dize-nos, primeiramente, se já morreste há muito tempo.

    • "Há muito tempo; há bem cinqüenta anos."
  • 14ª Que eras quando vivo?
    • "Não era lá grande coisa; simples trapeiro naquele quarteirão; às vezes me diziam tolices, porque eu gostava muito do licor vermelho do bom velho Noé. Por isso mesmo, queria pô-los todos dali para fora."
  • 15ª Foi por ti mesmo e de bom grado que respondeste às nossas perguntas?
    • "Eu tinha um mestre."
  • 16ª Quem é esse mestre?
    • "O vosso bom rei Luís."
      • NOTA. Motivou esta pergunta a natureza de algumas respostas dadas, que nos pareceram acima da capacidade desse Espírito, pela substância das idéias e mesmo pela forma da linguagem. Nada, pois, de admirar é que ele tenha sido ajudado por um Espírito mais esclarecido, que quis aproveitar a ocasião para nos instruir. É este um fato muito comum, mas o que nesta circunstância constitui notável particularidade é que a influência do outro Espírito se fez sentir na própria caligrafia. A das respostas em que ele interveio é mais regular e mais corrente, a do trapeiro é angulosa, grossa, irregular, às vezes pouco legível, denotando caráter muito diferente.
  • 17ª Que fazes agora? Ocupas-te com o teu futuro?
    • "Ainda não; vagueio. Pensam tão pouco em mim na Terra, que ninguém roga por mim. Ora, não tendo quem me ajude, não trabalho."
      • NOTA. Ver-se-á, mais tarde, quanto se pode contribuir para o progresso e o alívio dos Espíritos inferiores, por meio da prece e dos conselhos.
  • 18ª Como te chamavas quando vivo?
    • "Jeannet."
  • 19ª Está bem, Jeannet! oraremos por ti. Dize-nos se a nossa evocação te deu prazer ou te contrariou?
    • "Antes prazer, pois que sois bons rapazes, viventes alegres, embora um pouco austeros. Não importa: ouviste-me, estou contente."

[17 - Capítulo - questão 95] - Allan Kardec - 1861

Ver também:
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