GUIA.HEU
20 Anos
Dos tratamentos - Magnetismo curador
Crianças e Adolescentes DESAPARECIDOS
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____158. É necessário haver perfeita distinção entre um tratamento magnético e uma magnetização acidental e passageira.

  • Uma dor, uma nevralgia, um movimento febril, um começo de defluxo, uma função momentaneamente suspensa se curam rapidamente; basta, muitas vezes, uma ou duas magnetizações para sustar os progressos do mal e restabelecer o equilíbrio do organismo.
  • Mas dá-se diferentemente quando se trata de uma moléstia mais séria, e principalmente de um estado crônico que já vem de muito tempo. Faz-se preciso então instituir umtratamento.

____159. Podendo durar oito dias, quinze dias, um, dois, três, seis meses, e muitas vezes mais, conforme a gravidade e a antigüidade do mal, é necessário não empreender um tratamento precipitado, se de ambas as partes não houver firme resolução de continuá-lo e levá-lo até feliz êxito.

  • Quando não houver vontade ou vagar para ultimar com êxito feliz um tratamento magnético, não se deve empreendê-lo, porque, depois de um doente ter experimentado bons e salutares efeitos da ação magnética, a cessação muito súbita desta ação tornase-lhe muitas vezes prejudicial. (De Puységur)
  • Deslocar-se-iam deste modo os humores que não tivessem tido tempo de se fixarem. (De Jussieu)
  • Um efeito começado e não sustentado pode contrariar a natureza sem ajudá-la em seus meios. (De Puységur)
  • Em certas moléstias orgânicas muito graves e antigas, os esforços que faz a natureza para tomar uma nova direção podem produzir as crises mais dolorosas e alarmantes; faz-se mister evitarmos interromper a ação e não nos amedrontarmos. Nunca vi acidente grave ser a conseqüência de uma crise violenta cujo desenvolvimento não se tenha sustado ou contrariado. (Deleuze)

____160. Um assentimento recíproco dos mais completos deve-se estabelecer desde o começo entre magnetizador e magnetizado:

    • de um lado, dedicação, vontade firme e perseverante;
    • do outro, paciência e confiança absolutas.

      • O magnetizador só deve ter um objetivo: aliviar ou curar. Deve considerar sua missão como um verdadeiro sacerdócio que lhe cria novas obrigações. Sacrificando tudo ao desejo de praticar o bem, não deve procurar, por vã ostentação, impressionar a imaginação do seu doente ou daqueles que o cercam pela produção de efeitos surpreendentes e extraordinários; sua única preocupação deve ser ajudar a natureza, sem nunca contrariá-la.
      • Por seu lado, a pessoa magnetizada deve fazer todos os esforços para sustentar e animar o ardor daquele que se propõe restituir-lhe a saúde. Não deve, pois, mostrar prevenção, desconfiança ou impaciência.

____161. O começo de um tratamento é geralmente ingrato. Pelo fato do magnetismo não produzir imediatamente efeitos aparentes e sensíveis, não se deve desde logo decidir que ele é impotente; pode-se citar um grande número de casos de cura obtidos, sem que nenhum sintoma magnético se tenha manifestado.
____Conseqüentemente, nem sempre as curas são precedidas, como se poderia supor, de efeitos que anunciem a ação magnética, e seria de mau alvitre desanimar-se depressa.

  • Nas moléstias agudas de marcha rápida, é raro que o magnetismo não atue de maneira a mostrar imediatamente todo o bem que dele se pode tirar.
  • Porém, nas moléstias crônicas de marcha mais lenta, os sinais são sempre menos prontos, menos sensíveis, e precisa-se esperar vinte até trinta dias para ter-se um indício qualquer.

____Acontece mesmo muitas vezes, em certos casos de moléstias orgânicas inveteradas, que a ação só se faz sentir no fim de alguns meses, e então perde-se a confiança no momento em que se poderia colher os frutos do tratamento.
____162. Fora do assentimento moral comum, que deve existir entre magnetizador e magnetizado, qualquer tratamento exige de uma e de outra parte muita regularidade, uniformidade, ordem e principalmente exatidão.
____163. O começo periódico das sessões em horas fixas é absolutamente indispensável à boa direção de um tratamento. Uma vez combinada a hora mais conveniente, importa que haja restrita pontualidade.
____Conforme a gravidade do mal ou a natureza da moléstia, assim se decide que as sessões se realizem todos os dias ou de dois em dois dias. Se as sessões se derem todos os dias, cumpre que haja de ambos os lados uma grande exatidão quotidiana, a fim de evitar-se lacunas no tratamento. Se forem de dois em dois dias, é necessário, tanto quanto possível, que haja periodicidade constante e que um dia não seja indiferentemente substituído por outro.
____164. A duração das sessões deve sempre ser a mesma. Pode-se na média fixá-la em meia hora, 45 minutos no máximo, quando a sessão tiver de comportar alguns processos de massagem.
____Impulsado pelo ardor do bem ou pelo desejo de satisfazer ao doente, deixamo-nos sempre levar a magnetizar por mais tempo do que o necessário para lhe ser útil. Entretanto, é preciso não perdermos de vista que uma ação curta, porém vigorosamente sustentada do começo ao fim, é mil vezes mais profícua ao doente do que uma ação muito prolongada, na qual o operador perde uma parte de suas forças.
____Os pacientes sonambúlicos, que em sono são na maior parte excelentes conselheiros e muitas vezes nos dão indicações sobre os melhores processos a empregar, estão todos de acordo em que é inútil prolongar a ação magnética para produzir o efeito desejado.
____Quinze ou vinte minutos bem empregados bastam perfeitamente, na opinião deles para esse fim. Às vezes mesmo, vão até a reduzir este tempo a dez minutos.
____Um de meus amigos, o Sr. de X., verdadeiro apóstolo do magnetismo, em cujo ativo pode-se inscrever belas e numerosas curas, citava-me sobre este assunto o fato seguinte que vem perfeitamente confirmar os que eu próprio pude recolher e apreciar:

____O Sr. de X. magnetizava a Sra G., que tinha um tumor interno, e ao mesmo tempo magnetizava o seu filho de 12 anos de idade, que sofria de uma hérnia umbilical. Esta Sra, muito sensitiva, caia facilmente no estado sonambúlico, e nestas condições fornecia, pela lucidez que apresentava, preciosas informações ao seu magnetizador, para guiá-lo na dupla cura por ele empreendida. A Sra G. insistia sempre com muita vivacidade para que ele não se fatigasse inutilmente em seu tratamento, e recomendava-lhe que não consagrasse mais de dez minutos até doze, no máximo, quer a ela quer a seu filho.
____Apesar da exigüidade das magnetizações feitas em intervalos bastante espaçados, o estado da mãe do menino melhorou sensivelmente em pouco tempo, e graças às contrações dos músculos do abdome debaixo da influência magnética a hérnia de que sofria o menino, em breve foi reduzida.

____165. Entretanto, em certos casos, quando uma crise se manifesta ou quando é necessário lutar contra um mal fulminante, não mais se trata de limitar o tempo que deve ser passado junto do doente; é preciso a todo o transe sustentar a crise para dominar o mal; é então mister prolongar a ação magnética durante muitas horas seguidas, desenvolvendo toda a perseverança e energia.
____A narração do fato seguinte pode dar uma idéia dessas lutas a toda a prova:

____Uma noite, um dos meus amigos cai-me em casa como uma bomba, exclamando:
______ Totó está morrendo! Está atacado de crupe!
____Totó é uma encantadora criança de seis anos, que por sua afabilidade e delicadeza constitui a alegria de todos os que a conhecem. O meu amigo relata-me minuciosamente a sua moléstia: oito dias antes, Totó tivera uma espécie de angina: um médico a tratara com cáusticos e vomitórios; uma melhora se havia manifestado, e julgou-se conjurado o perigo; depois, subitamente, na própria manhã, o mal recrudescera com tal violência que o médico, chamado a toda a pressa, declarara a doente muito pior, e aconselhara sem mais detença a operação da traqueotomia.
____Não pudemos conformar-nos com esta terrível operação, acrescentou o meu amigo, e como em igual circunstância, já conseguiste tirar vosso próprio filho desta má situação, corri a fim de saber se ainda é possível tentar salvar o pobre Totó! Partimos. O diagnóstico do doutor não era exagerado; efetivamente, a criança se achava em terrível estado crítico: tinha afonia, febre ardente, respiração estertorosa, acessos freqüentes de sufocação. Encontramos a mãe em pranto, considerando seu filho perdido. Porém, com o magnetismo cumpre que nunca desesperemos; ele traz em si a vida. Demais há na criança uma tal exuberância de vitalidade, que até ao último momento pode-se conseguir a reação vital.
____Comecei o trabalho, e depois de ter passado uma parte da noite a insuflar e magnetizar a pobre doentinha, tivemos a inefável alegria de verificar uma melhora sensível. Regressei à casa para repousar um pouco, refazer as minhas forças esgotadas, e voltei pela manhã muito cedo, a fim de continuar a lutar. Pouco a pouco, a cruel moléstia cedeu aos meus perseverantes esforços e, à noite, no meio de uma crise terrível, a criança expeliu peles espessas que se desprendiam da garganta. Por vinte vezes acreditei que ela ia morrer nos nossos braços, tão violentos eram os esforços que ela fazia: mas à força de imposições, passes, e insuflações, consegui sustentá-la nessa crise, que felizmente foi a última. Totó estava salva! Mas, para livrá-la da morte foi-me necessário sustentar com a moléstia uma terrível luta, em que não poupei tempo nem esforços, luta essa que durara mais de trinta e seis horas.

____166. Fora dos casos urgentes em que se deve disputar passo a passo a vida do doente e nos multiplicarmos, é inoportuno fazer mais de duas sessões por dia. É o máximo de esforço que se pode dar, porque é preciso deixar tempo a ação magnética, para que ela produza o seu efeito. Faz-se então uma sessão pela manhã e outra à noite, a fim de deixar entre as duas sessões quotidianas o maior intervalo possível. Em geral, num tratamento começando por ação suave e progressiva, obtém-se resultado muito melhor do que agindo com muita energia e precipitação. O defeito comum a todos os noviços, é pecar por impaciência e excessivo ardor. Cumpre evitarmos violentar a reação vital. Ela nunca corresponde às ações brutais; deve-se deixá-la produzir em seu tempo. Efetivamente, é às vezes de maior vantagem começar um tratamento por sessões alternadas de dois em dois dias, e estar-se pronto a torná-la diárias desde que se produza o efeito magnético.
____Nos tratamento quotidianos, pode-se em certos casos suspender as sessões durante muitos dias, a fim de estudar-se, com espírito de observação, os sintomas que se produzem no intervalo. Estas suspensões contribuem às vezes para despertar a sensibilidade magnética no momento em que se recomeça.
____167. Uma observação diária, redigida com cuidado e regularidade, é o verdadeiro complemento de todo o tratamento bem dirigido.
____Um diário bem feito serve para esclarecer o médico que assiste ao magnetizador e dá-lhe um conhecimento exato de tudo o que se manifesta no curso do tratamento. Serve ao próprio operador, permitindo-lhe estabelecer os pontos de comparação com os fenômenos obtidos em outros tratamentos e para publicar, quando necessário, os bons resultados obtidos a fim de vulgarizá-los. (Aubin Gauthier)
____168. Acontece freqüentemente que, magnetizando-se por uma afecção passageira, a reação vital leva sua ação reparadora a pontos do organismo onde antigas afecções tinham deixado uma desordem qualquer, e vê-se inopinadamente produzir nesses pontos movimentos fisiológicos inesperados, que trazem uma cura com a qual se não contava.
____O Sr. Oswald Wirth, bem conhecido pelas numerosas curas que obtém em Paris, tratava de uma bronquite em certa Sra, quando sobrevieram dores na perna esquerda e o tornozelo inchou, como se houvesse sido fortemente contundido. Não havia absolutamente relação entre estes sintomas patológicos e a bronquite, mas a admiração do magnetizador cessou quando a doente lhe referiu que, alguns anos antes, havia caído de um carro, ferindo-se gravemente na perna, e nunca se curara perfeitamente deste acidente.
____O coeficiente de vitalidade que lhe traziam os magnetizadores, dirigido contra a sua bronquite determinando para a perna doente uma migração salutar das forças vitais, tinha permitido à natureza o recomeçar a obra de reparação que, entregue a si mesma, não poderia acabar. Pode assim a doente desembaraçar-se ao mesmo tempo das conseqüências de sua queda do carro e de sua bronquite.
____Este fato me desperta um outro não menos singular: Uma senhora veio um dia pedirme que a magnetizasse por causa de um dos olhos que estava sempre lacrimejando.
____Ao cabo de duas ou três sessões de tratamento, o olho não ia melhor mas a minha doente, muito surpreendida e alegre, informou-me de que perdas abundantes, minandolhe as forças e a saúde já havia meses, tinham desaparecido; confessou-me que não havia falado dessas perdas, porque sabia terem sido produzidas por uma causa interna tão grave, que ela não julgava a ação magnética com o poder de combatê-la.
____Todas as notabilidades tinham de fato declarado incurável esta Sa Apesar deste prognóstico pouco lisonjeiro, não somente cessaram as perdas por completo, como ainda a causa grave que as ocasionava desapareceu no fim de 40 sessões: a ação magnética, fora de todas as nossas previsões, havia determinado essa migração das forças vitais para as regiões mais seriamente comprometidas, do mesmo modo que uma guarnição sitiada conduz, sob o impulso de seu chefe, o grosso de suas forças para os pontos ameaçados.
____169. No tratamento das moléstias pela medicina comum, acontece freqüentemente que a demora da convalescença sobreleva a do tratamento; é o que fazia dizer a Mesmer que a convalescença é a Moléstia dos remédios.
____O magnetismo não se fazendo ajudar de remédio algum, e apelando, desde o primeiro dia, para a reação vital, não produz convalescença: o último dia de crise é o último dia da moléstia.
____As radiações magnéticas, impulsando o despertar da natureza e a realização das funções, incitam o doente a recuperar as forças, à medida que explica os princípios mórbidos da moléstia, e é assim que ela termina no próprio dia em que se completa o equilíbrio integral.
____Todas as curas magnéticas, sem exceção, vêm confirmar este fato. Eis um exemplo que me é pessoal:

____Alguns dias depois de meu casamento, em 1874, minha mulher caiu tão gravemente doente que fui obrigado a fazer-lhe quarto noite e dia, por espaço de um mês. Só tendo confiança na ação magnética, não recorri a médico algum, e constituí-me ao mesmo tempo seu médico, seu magnetizador e seu enfermeiro. Uma vez por outra, atirava-me inteiramente vestido sobre uma cama de campo, colocada no quarto da doente (precisamente a cama de que me havia utilizado durante a campanha de 1870, em Metz, contra os alemães), a fim de refazer, em alguns instantes de repouso, as forças necessárias à continuação da luta.
____Esta luta foi terrível, mas com a perseverança fornecida pelo afeto que eu votava à minha mulher, combati pouco a pouco o mal por espaço de um longo mês. Às vezes possuía-me de desespero, mas a minha inalterável confiança no magnetismo restituíame a coragem, e a minha perseverança encontrou finalmente a sua recompensa: o mal cessou subitamente.
____À vista da gravidade e da demora da moléstia, acreditei a princípio na necessidade de uma longa convalescença para restituir à doente todas as suas forças; mas, com grande pasmo de minha parte, assim não se deu, e em vinte e quatro horas minha mulher fez um retorno tão completo à saúde, que reentrou desembaraçadamente no curso da vida comum, até então suspenso para ela, havia mais de um mês.

Ver também:
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