página acima: Espiritismo
A Igreja e o Espiritismo
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Crianças e Adolescentes
DESAPARECIDOS
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____No seio do clero, muitos espíritos argutos têm compreendido a importância das manifestações espíritas e o seu verdadeiro caráter.
____ Escrevia à Sra. Svetchine, em 20 de junho de 1853, o Padre Lacordaire, a propósito das mesas giratórias:

    • “Também, mediante essa divulgação, Deus quer talvez proporcionar o desenvolvimento das forças espirituais ao desenvolvimento das forças materiais, a fim de que o homem não esqueça, ante as maravilhas da mecânica, que há dois mundos contidos um no outro, o mundo dos corpos e o mundo dos Espíritos.”
      (Ver: Caso de materialização de Estela Livermore)

____O Padre P. Le Blun, do Oratório, em sua obra intitulada História das Práticas Supersticiosas, tomo VI, página 358, se exprime deste modo:

    • “As almas que desfrutam a bem-aventurança eterna, abismadas na contemplação da glória de Deus, não deixam de se interessar ainda pelo que respeita aos homens, cujas misérias suportaram, e, como chegamos à felicidade dos anjos, todos os escritores sacros lhes atribuem o privilégio de poder, sob corpos_etéreos, tornar-se visível aos seus irmãos que ainda se acham na Terra, para os consolar e lhes transmitir as divinas vontades.”

____Escrevia o Abade Marouzeau a Allan Kardec:

    • “Mostrai ao homem que ele é imortal. Nada vos pode melhor secundar nessa nobre tarefa do que a comprovação dos Espíritos de além-túmulo e suas manifestações. Só com isso vireis em auxílio da Religião, empenhando ao seu lado os combates de Deus.”

____O Abade Leçanu, em sua História de Satanás, aprecia neste termos o alcance moral do Espiritismo:

    • “Observando-se as máximas de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, faz-se o bastante para se tornar santo na Terra.”

____Em suas Cartas à Srta. Th. V., escreve o Padre Didon estas palavras, a respeito de uma pessoa recentemente falecida: “... eu, que acredito na ação constante dos Espíritos e dos mortos sobre nós, creio bem que esse desaparecido vos guarda e assiste invisivelmente.” (153)
____E noutro lugar lemos ainda:

    • “Creio na influência divina que sobre nós misteriosamente exercem os mortos e os santos. Vivo em profunda comunhão_com_esses_invisíveis e é delicioso para mim experimentar os benefícios de sua secreta aproximação.” (154)
    ____(Louis_Henri_Didon)____
    O lema olímpico é: Citius, Altiu s, Fortius (o mais rápido, o mais alto, o mais forte – em latim). Esta definição foi criada pelo Padre Didon, amigo do Barão Pierre de Coubertin, e serve de lema do ideal olímpico. O lema traz em si a ideia de superação do atleta em busca da conquista da medalha olímpica.

    ____
    Este talvez seja o mais forte símbolo olímpico. Os cinco aros interligados, nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho representam a união dos cinco continentes, e pelo menos uma de suas seis cores (aqui vale também o branco, cor de fundo da bandeira), está presente na bandeira de cada um dos países filiados ao COI. Quem foi o idealizador dos aros? Ele – Barão Pierre de Coubertin. Os aros existem desde 1913 e posteriormente, também passaram a ser a marca do próprio Comitê Olímpico Internacional.
    http://professor-josimar.blogspot.com.br/2008/08/os-smbolos-olmpicos-e-seus-significados.html

____O Dr. José Lappôni, médico de dois papas – Leão XIII e Pio X – relata em sua obra Hipnotismo e Espiritismo numerosos fenômenos espíritas, cuja autenticidade admite.
____Assim, ...

    • de um lado, na Igreja_Católica, condenam o Espiritismo como contrário às leis_de_Deus e da Igreja,
    • e do outro o consideram como um auxiliar da Religião e o qualificam de “combate de Deus”. Diante de tais contradições, grande deve ser a perplexidade dos crentes.

____O mesmo acontece no seio das igrejas_protestantes. Muitos pastores, e não dos menos eminentes, vão-se chegando sem rodeio ao Espiritismo. o Pastor Benezech, de Montauban, nos escrevia, em fevereiro de 1905, a respeito de fenômenos por ele mesmo observados:

    • “Prevejo que o Espiritismo bem pode vir a tornar-se uma religião positiva, não à maneira das religiões reveladas, mas com o caráter de religião estabelecida sobre fatos de experiência e plenamente de acordo com a Ciência e o racionalismo. Estranha coisa!– em nossa época de materialismo, em que as igrejas parecem na iminência de se desorganizar e dissolver-se, o pensamento religioso nos é restituído por sábios, acompanhado pelo maravilhoso dos antigos tempos. Esse maravilhoso, porém, que eu distingo do milagre, pois que não é mais que um natural superior e raro, já não estará ao serviço de uma igreja particularmente distinguida com os favores da divindade; será a propriedade da Humanidade, sem distinção de cultos. Como isso é mais grandioso e também moral!”

____Em Londres, o Reverendo Hawis pregava recentemente a “doutrina_dos_mortos”, na igreja de Marylebone, e convidava os seus ouvintes a passar pela sacristia depois do sermão, para examinar fotografias_de_Espíritos.
____Mais recentemente ainda, na Igreja de São Jaques, o mesmo orador pregava sobre “as tendências do moderno espiritualismo”, e concluía dizendo que “os fatos espíritas oferecem perfeita concordância com o mecanismo geral e as teorias da religião cristã”. (Traduzido da revista Light, de Londres, 7 de agosto 1897)
____Um certo número de pastores americanos entrou nessa ordem de ideias.
____
As Neue Spiritualistische Blatter, de 16 de março 1893, publicam a tradução de um artigo do Sr. Savage, Pastor da Igreja Unitária de Boston, no qual esse pensador, esse emérito escritor, bem conhecido nos Estados Unidos, narra as suas investigações no domínio psíquico e conta de que modo foi levado a acreditar nos fatos espíritas.
____Reproduzimos em seguida esse artigo:

    • “A respeito dessas questões, eu me encontrava como outrora os homens sisudos de Jerusalém, de Corinto e de Roma, relativamente ao Cristianismo:
      • parecia-me que era uma pestífera superstição. Uma vez fundado na minha invencível ignorância, pronunciei contra essas ideias um discurso em quatro lugares, depois do qual muito me admirei de que ainda houvesse, entre as pessoas de meu conhecimento, indivíduos que continuassem a acreditar nisso do mesmo modo.
      • “Há dezessete anos, um membro da minha igreja perdeu o pai. Pouco tempo depois veio ele confiar-me que, tendo ido, com um amigo, procurar um médium, este lhe disse certas coisas convincentes, e pediu-me que lhe desse um conselho. Reconheci então que me não competia dá-lo acerca de uma coisa que eu não conhecia e da qual toda a minha ciência consistia em preconceitos. A rápida propagação do Espiritismo, nas classes ilustradas de Boston, me fez compreender que era necessário submeter a sério exame os fenômenos em questão, porquanto era possível, ou antes provável que ainda outros membros da minha igreja me pedissem explicações sobre isso.
      • “Disse, pois, comigo mesmo:
        • quer sejam falsas, quer verdadeiras, é preciso, em todo caso, que eu estude a fundo essas coisas, para ser bom conselheiro. Reconheci que seria uma vergonha para mim não ter opinião alguma sobre as referências do Antigo e do Novo Testamento às aparições e às influências demoníacas. Por que motivo ser inflexível na minha ignorância a respeito de coisas que tinham uma certa importância para os membros da minha igreja? Convenci-me de que era meu dever estudar conscienciosamente esses fenômenos, até formar uma opinião inteligente quanto ao valor deles. Tais foram os principais motivos que me conduziram a estas longas investigações.
        • “Nelas observei o método científico, único que, a meu ver, conduz ao conhecimento. Mediante uma observação minuciosa, procurei sempre certificar-me de me haver ou não com um fato real e não prestei atenção a nenhuma das manifestações que se produzem às escuras, ou em condições em que eu não podia estar seguro da minha pesquisa.
        • “Sem pretender que as manifestações obtidas em semelhantes condições sejam forçosamente devidas à fraude, não lhes atribuí valor algum; além disso, posto que reconhecesse muito bem que uma coisa reproduzida em outras condições não é uma simples imitação, aprendi a fundo a arte dos escamoteadores, que se me tornou assaz familiar. Na sua maior parte, as manifestações que fui obrigado a reconhecer como reais e que produziram o resultado de me convencer, tiveram lugar em presença de alguns amigos de confiança e sem o concurso de médium de profissão.
        • “Uma vez, certo de que tinha de haver-me com um fato, lancei mão de todas as teorias possíveis para o explicar, sem recorrer à dos Espíritos. Eu não digo ‘sem recorrer a uma explicação sobrenatural’:
          • digo ‘sem recorrer à teoria dos Espíritos’, porque não acredito em nada sobrenatural. Se há Espíritos, a nossa incapacidade de os ver não os torna mais sobrenaturais do que o átomo, para a Ciência, o qual do mesmo modo não vemos.
        • “Ora, eu descobri fatos que provam que o eu não morre e que, depois do que chamamos morte, ainda é capaz, em certas condições, de entrar em comunicação conosco”. (Ver: Morte de entes queridos)

____O Reverendo J. Page Hopps, numa reunião de pastores, em Manchester, afirmava “a comunhão dos Espíritos no visível e no invisível” e propunha a fundação de uma igreja, cujas prédicas seriam “as mensagens lá do alto”.

(AURORE, JULHO DE 1893)

____Em um artigo do Pontefract Express de 20 de janeiro de 1898, o Reverendo C. Ware, ministro da Igreja Metodista, fala muito longamente dos Atos dos Apóstolos. Exorta ele os cristãos “a fazer um estudo aprofundado desse livro, no ponto de vista dos inúmeros e maravilhosos fatos que ele relata e que outra coisa não são senão fenômenos espíritas. É preciso notar que, no começo do estabelecimento do Cristianismo, duas classes de cooperadores se acham constantemente em contacto: os Espíritos desencarnados e os encarnados.” O reverendo Ware menciona os fenômenos extraordinários que acompanharam a prédica dos discípulos depois que sobre suas cabeças se derramaram as línguas de fogo, e o ardente fervor comunicado aos primeiros cristãos por esses fenômenos todos, os quais se reproduzem atualmente nas sessões espíritas.

____O Pastor holandês Beversluis pronunciava estas palavras, no Congresso Espírita realizado em 1900, em Paris:

    • “Adquiri a certeza de que o Espiritismo é real... Essa luz celeste faz dissipar-se o medo do inferno, de Satanás e desse Deus terrível do calvinismo, que odeia as suas criaturas e as condena a eterna punição. Em lugar desse terror, o Espiritismo faz nascer uma confiança de filho e uma dedicação enternecida ao Deus de amor”.

____Finalmente, o venerável Arcediago Colley, numa carta publicada no Daily Mail de 1º de fevereiro 1906, assim se exprime:

    • “Sou espírita há mais de trinta e três anos e posso dizer que jamais, ou só muito raramente, vi que o Espiritismo outra coisa produzisse a não ser o bem, mostrando ser um estímulo para a elevação moral e intelectual de quem o professa, para o aperfeiçoamento humano, um alívio na desgraça, um motivo de satisfação na existência... o Espiritismo é, além disso, um meio de cura para a falta de , sobretudo porque fornece uma prova científica da continuação da vida além do túmulo.”

____E prossegue dizendo que, em sua opinião, o Espiritismo é como o coroamento de tudo o que de mais precioso há em cada religião. (155)

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153 - 4 de outubro de 1875.
154 - 4 de agosto de 1876.
155 - Ver Annales des Sciences Psychiques, fevereiro de 1906, pág. 120.

[6 - página 280 - Nota 6]

O ESPIRITISMO E AS IGREJAS REFORMADAS - JAYME ANDRADE

____Sinopse:O autor deste livro teve como principal objetivo esclarecer seus antigos companheiros de fé evangélicos sobre os fundamentos científicos e filosóficos do Espiritismo, e a posição deste em face da ortodoxia seguida pelas igrejas cristãs e tradicionais. Mas a repercussão foi bem mais ampla, pois o livro se revelou de interesse para os cristãos de todas as denominações, inclusive os católicos, visto demonstrar, em análise criteriosa e objetiva baseada em farta documentação, como se processou a desfiguração do cristianismo através da introdução de dogmas e da assimilação de preconceitos que nada tinham a ver com os ensinamentos de Jesus. Alguns temas abordados nesse livro:

____Todos os assuntos são apresentados com muitas referências à passagens bíblicas que reforçam os argumentos apresentados pelo autor.

Conteúdo resumido:

____O Reverendo Haraldur Nielsson foi um eminente pastor protestante islandês. A ele foi confiada, pela Sociedade Bíblica Inglesa, a tradução do Antigo Testamento em islandês. Foi também professor de Teologia na Universidade de Reykjavik.
____A presente obra reúne três conferências feitas pelo autor a propósito de suas pesquisas psíquicas, levadas a cabo durante anos, sobre os fenômenos supranormais. Suas pesquisas tiveram o intuito de demonstrar que o fenômeno espírita é uma realidade, que os espíritos desencarnados comunicam-se com os seres humanos, no nosso plano material.
____Observa-se ao longo da obra o estreito relacionamento existente entre a filosofia espírita e os ensinamentos do Evangelho. O autor cita, inclusive, em várias passagens do Novo Testamento, a ocorrência de fenômenos mediúnicos hoje explicados à luz do Espiritismo.
____Mesmo sofrendo ataques e perseguições do clero protestante, do qual ele próprio era integrante, o Rev. Nielsson nunca abandonou suas convicções e seu trabalho em defesa da realidade dos fenômenos espíritas.

http://bvespirita.com/O%20Espiritismo%20e%20a%20Igreja%20(Haraldur%20Nielsson).pdf
http://www.feblivraria.com.br/index.pl

O Livro “Roma e o Evangelho”, que foi compilado por D. José Amigo y Pellícer contêm os estudos filosóficos-religiosos e teórico-práticos feitos pelo Círculo Cristiano Espiritista de Lérida, na Espanha, em 1874, e por não poderem conciliar a estreiteza da Igreja de Roma com a largura da obra traçada por Deus, sentiam que algo de humano precisava ser removido - e que o Espiritismo devia ser o motor de tal depuração do Evangelho de Jesus Cristo.

____"Roma e o Evangelho" é um livro preciosismo, em si, pelos sublimes ensinos que dá - em sua origem, pelo exemplo que abre:

    • de serem padres seus autores, rompendo com o fanatismo que proclama a absurda "fé passiva" - e tomando posse, em nome da suprema lei do livre-arbítrio, da " fé_raciocinada", única que pode ser agradável à Onisciência, que não deu raciocínio ao espírito para lhe ser instrumento inútil no trabalho do seu aperfeiçoamento, que é toda a lei da sua evolução.

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Poucos meses depois de publicada esta obra, o Ministro da Instrução Pública na Espanha, Marquês de Orovio, suspendia dos seus empregos de Diretor e segundo Professor da Escola Normal de Lérida, por causa das suas opiniões filosófico-religiosas, a D. Domingo de Miguel, presidente do "Círculo Cristiano-Espiritista", e ao autor do "Roma e o Evangelho".


Testemunho do Abade Almignana

Tradução do opúsculo Du Somnambulisme, des Tables Tournantes et des Mediums, considerés dans leur rapports avec la Théologie et la Physique.
Rue St. Jacques, 42 - Paris.

Introdução

____Sendo o sonambulismo, as mesas e os médiuns, para nós, fenômenos que precisavam ser muito seriamente estudados antes de se fazer juízo a seu respeito, tão depressa me caíram debaixo da vista, em vez de julgá-los ex-abrupto, como tantos fazem, tratei de submetê-los a numerosas experiências, na esperança de que me fornecessem fato, úteis à descoberta das causas de tão prodigiosos fenômenos.
____Tendo já obtido alguns desses fatos, melhor ocasião jamais teria para publicá-los, do que no momento atual, em que dois sábios de primeira ordem, o Marquês de Mirville(1) e o Conde de Gasparin, se empenham numa luta científica.
____E julgo tanto mais oportuno este momento, quanto os fatos fornecidos pelas minhas experiências, sendo contraditórios de certos pontos capitais das doutrinas emitidas na Pneumatologia de Mirville e no Sobrenatural em geral de Gasparin, darei ocasião a que procurem conciliar as suas opiniões com os meus fatos, ou vice-versa.
____Fazendo-se nova luz sobre o tríplice fenômeno, concorre-se poderosamente para a solução de um problema que não tem podido ser resolvido tão clara e positivamente, como convém à verdade, à ciência e à própria religião.
____Tal é a minha crença e a de muitos a quem consultei antes de empreender o trabalho a que me impus.
____Quanto à linguagem deste despretensioso escrito, é chã, porque, nascido e criado além dos Pireneus, não me é familiar o bom francês, como aos que nasceram e se criaram em França, e tiveram sábios e eloqüentes mestres.
____Simples, porém, como é, sai da pena de um homem que procura com empenho a verdade, sem que se desvie por considerações humanas, persuadido de que sua posição terá a indulgência do leitor, a quem não a recusaria eu, se estivesse no mesmo caso.
____Para tratar com ordem a questão em que vou entrar sem mais preliminares, dividirei o meu opúsculo em duas partes:

  • na primeira, exporei os fatos que oponho a Pneumatologia- de Mirville
  • na segunda, os que se entendem com o Sobrenatural em geral de Gasparin.

Primeira Parte

____O sonambulismo, as mesas falantes e os médiuns, Não passam de obras do demônio, aos olhos do Senhor de Mirville.
____É esta, em resumo, a sua doutrina na Pneumatologia.
____Em uma carta que tive a honra de dirigir à Sociedade Mesmeriana, de Paris, sobre a não intervenção do demônio no magnetismo terapêutico, carta publicada nos números 54, 56 e 57 do Journal du Magnétisme, estabeleci a existência do demônio, com as denominações que lhe dá a Escritura, bem como o poder que ele tem, por permissão divina, de agir física e moralmente sobre o homem, segundo os próprios livros sagrados.
____E, pois, não posso ser suspeito ao Senhor de Mirville, quanto à demonologia.
____Admitindo, porém, a existência do demônio e a sua ação sobre os homens, não posso partilhar a opinião do sábio, pois, se eu aceitasse a intervenção direta do demônio no sonambulismo_magnético, nas mesas e nos médiuns, me colocaria em oposição ao ensino católico, sobre os possessos e sobre a maneira de livrá-los do maligno Espírito, como passo a demonstrar.
____Háum axioma, tão velho como o mundo:

    • tirada a causa, cessa o efeito. Sublata causa, tolitur effectus.

____A verdade deste axioma, mesmo em relação às possessões diabólicas, acha-se explicitamente consagrada nas Sagradas Escrituras.
____Apresentaram a Jesus_Cristo um mudo para que o curasse; oblatus est ei mutus.
____O Divino Mestre, conhecendo que o mutismo era causado pelo demônio, apressou-se em remover a causa, tirando o demônio do corpo do possesso; feito o que, o mudo falou no meio do povo cheio de admiração;et cum ejecisset demonium locutus est mutus et admiratae sunt turbae. (S. Lucas, cap. XL)
____Havia em Filipe, na Macedônia, uma rapariga que, sendo possessa do demônio, tinha o dom de adivinhação em tal grau, que de todos os pontos vinham consultá-la, o que rendia grande proveito ao senhor dela.
____S. Paulo tirou-lhe o demônio do corpo, e ela perdeu o dom de adivinhar, pelo que, os senhores dela arrastaram o Santo Apóstolo aos tribunais, como se fosse um malfeitor. (Atos, cap. XVI, 16, 17, 18.)
____
Partindo desses princípios, segue-se que, se o demônio intervém diretamente no sonambulismo, nas mesas e nos médiuns, desde que seja expulso dos sonâmbulos, das mesas e dos médiuns, como Jesus Cristo o expulsou do corpo do possesso e S. Paulo do corpo da rapariga de Filipe, os sonâmbulos devem a fortiori perder a sua lucidez, as mesas ficar imóveis e os médiuns ser incapazes de traçar uma linha. Sublata causa tolitur effectus.
____O que importa é conhecer os meios de expelir o demônio donde quer que ele se meta. Esses meios são-nos indicados pelo ensino católico.
____De fato, segundo esse ensino, os demônios são expelidos pelos sagrados nomes de Deus e de Jesus, pela prece, pelo sinal da cruz, pela água benta e por exorcismos.
____Conhecidos os meios de expelir os demônios, passo a expor o resultado que obtive pela sua aplicação aos sonâmbulos, às mesas e aos médiuns.
____Tendo visto fenômenos extraordinários produzidos por sonâmbulos, e desejando reconhecer se tais fenômenos tinham alguma coisa de diabólico, aproveitei ocasiões em que encontrei sonâmbulos adormecidos por outros magnetizadores, e orei, invoquei os santos nomes de Deus e de Jesus, fiz o sinal da cruz sobre eles, e lancei-lhes água benta na intenção de expelir o demônio, para me cientificar se o demônio intervinha no sonambulismo.
____Entretanto, nenhum dos sonâmbulos perdeu a menor parcela da sua lucidez, o que me fez crer que o demônio não tem parte alguma no sonambulismo magnético.
____Eis um fato que deve chamar a atenção de todo observador de boa-fé:

    • Uma menina de treze anos adormecida pela mãe, na minha casa, deu provas da maior lucidez, dizendo-nos que estava em comunicação com seres ultramundanos.

____Assustado, confesso-o, pelo que se passava à minha vista, na dúvida que me oprimia de ser ou não o demônio o agente daqueles fenômenos, tomei o meu crucifixo, e, apresentando-o à lúcida, esconjurei-a pelo santo nome de Jesus.

____E sabeis o que fez a sonâmbula?

    • Em vez de repelir a imagem do Crucificado, tomou o crucifixo, levou-o respeitosamente aos lábios, e adorou-o, com a maior edificação para sua mãe e para mim.
      • Se o Sr. de Mirville desejar conhecer a sonâmbula e seus pais, posso indicar-lhe a sua residência
        • Esses meios, por mim empregados para ver se o demônio tinha parte no sonambulismo, têm sido igualmente empregados por outras pessoas piedosas com o mesmo fim e resultado.
      • Se o Senhor de Mirville desejar conhecer algumas dessas pessoas, posso facilitar-lhe o conhecimento. Quanto aos exorcismos, sabe-se pela biografia da famosa sonâmbula prudência que, embora muitas vezes exorcismada, nunca perdeu um só átomo da sua grande lucidez.

        • Aos fatos que acabo de referir, em favor da não intervenção do demônio, vêm juntar-se muitos outros de gênero diferente que, de certo modo, os confirmam.

____Um dos modelos da eloqüência sagrada, o reverendo padre Lacordaire, falava sobre o sonambulismo em dezembro de 1846, e longe de qualificá-lo satânico, como o Senhor de Mirville, disse o sábio dominicano, do alto da cadeira da verdade, na igreja de Notre-Dame de Paris, que esse fenômeno pertencia à ordem profética, e que era uma preparação divina para humilhar a orgulho do materialismo.
____Essa linguagem do alto da tribuna sagrada foi publicamente aprovada por Monsenhor Afre, centro de unidade católica na diocese de Paris, o qual, dirigindo-se aos fiéis, lhes disse:

    • Meus irmãos, foi Deus que falou pela boca do ilustre dominicano.

____Uma senhora, que é dotada de grande piedade, tendo sido abandonada em estado desesperado pela medicina oficial, foi magnetizada por um parente e, num dos seus primeiros sonos, disse estar vendo uma pessoa que, segundo os sinais, parecia ser a bisavó da lúcida, falecida muito anos antes do seu nascimento.
____A sonâmbula foi curada pelos conselhos da sua bisavó, recebidos em sono magnético.
____Julgando este fato grave e interessante para a religião, fi-lo publicar no n° 19 do Magnétisme Spiritualiste fazendo apelo a todos os que, pelos seus conhecimentos, pudessem explicá-lo.
____Entre aqueles a quem fiz apelo, figuravam os teólogos, aos quais eu dizia:

    • "Seria o demônio que, tomando um corpo fantástico, revestiu a forma da bisavó de M. R. e a curou de uma enfermidade por ela mesma criada?"

____Ao Soberano Pontífice foram enviados alguns exemplares do citado jornal, por intermédio do Núncio Apostólico em Paris, e bem assim a Monsenhor Arcebispo de Paris à Faculdade de Teologia da Sorbona, aos reverendos padres jesuítas da rua dos Postes, ao rev. padre Lacordaire e ao Consistório Calvinista de Paris, rogando eu a todos que me esclarecessem sobre um fato tão grave.
____Pois bem:

    • até agora, vai para três anos, e nenhuma daquelas altas personagens me disse que era o demônio o autor do fato sobre o qual chamei a atenção delas;
    • O que prova ser ele estranho ao mesmo fato, sem o que não teriam deixado de me advertir, quer pelo interesse da religião quer por caridade para comigo.

____Se o Senhor de Mirville desejar conhecer a sonâmbula a que me refiro, posso levá-la a sua casa.
____Interrogai Monsenhor Sibour sobre o sonambulismo, e sua Grandeza dir-vos-á que as ideias emitidas pelos sonâmbulos não são mais que o reflexo das do magnetizador, sem vos falar sequer do demônio.
____Mas, basta de sonambulismos, e passemos às mesas.
____Tenho feito grande número de experiências com as mesas giratórias e falantes, ...

    • com leigos e com sacerdotes,
    • homens de sentimentos religiosos,
    • e até com um venerável bispo.

____Desejando, no interesse da religião e das nossas almas, saber se o demônio é com efeito o agente do movimento e da linguagem das mesas, empregamos todos os meios que o ensino católico oferece para expeli-lo, inclusive o exorcismo, e nenhum resultado obtivemos.
____Nem a prece, nem os sagrados nomes de Deus e de Jesus, nem o sinal da cruz, feito sobre as mesas, nem o crucifixo, nem os rosários, nem os Evangelhos, nem a Imitação de Jesus Cristo, postos sobre as mesas, nem a água benta, puderam impedir que elas girassem, batessem e respondessem.
____Pelo contrário, vimos muitas vezes, com grande admiração, elas se inclinarem diante da imagem do Crucificado.
____Direi mais:

    • numa experiência que fiz com o bispo, foi este quem fez o sinal da cruz sobre a mesa, sem que ela deixasse de mover-se.
      • Monsenhor perguntou-lhe se amava a cruz, e ela respondeu afirmativamente, causando surpresa ao ilustre varão vê-la inclinar-se diante da sua cruz pastoral e falar-lhe da vida futura de maneira ortodoxa.

____Se o Senhor de Mirville deseja conhecer a casa e a pessoa que fez com o bispo e comigo essa experiência, terei sumo prazer em satisfazer-lhe.
____Se, depois de todos os fatos, fosse preciso raciocinar conforme a Pneumatologia do Senhor de Mirville, o único raciocínio possível seria este.

    • O ensino católico, sobre as pessoas diabólicas, dá às preces, aos santos nomes de Deus e de Jesus, ao sinal da cruz, à água benta e aos exorcismos a virtude de expelir os demônios dos possessos;
    • Ora, nem a prece, nem os sagrados nomes de Deus e de Jesus, nem o sinal da cruz, etc., tiveram o poder de expelir o demônio dos sonâmbulos e das mesas que, segundo o Senhor de Mirville, são verdadeiros possessos
    • logo, o ensino católico não ensina a verdade
    • logo, a Escritura, os Padres e a Igreja, autoridades em que se firma o ensino católico sobre possessos e modos de curá-los, estão em erro.

____Qual o verdadeiro católico que ousaria ter semelhante linguagem?
____
Foi, pois, para não me colocar em tão arriscada posição, que entendi não partilhar a opinião do Senhor de Mirville sobre as manifestações fluídicas dos Espíritos.
____Dir-me-ão que, se os meios aconselhados pelo ensino católico, para a expulsão do demônio, falham algumas vezes, depende isso da pouca fé de quem os emprega.
____A esta objeção respondo:

    • Os pagãos não têm grande dose de fé, e entretanto Orígenes diz que o nome de Deus, pronunciado mesmo por um pagão, expele o demônio. (Orígenes contra Celsum.)

____Muitas pessoas há, entre as quais piedosos eclesiásticos e leigos aferrados aos sacramentos, que têm feito comigo experiências, orando comigo, invocando comigo os sagrados nomes de Deus e de Jesus, etc.
____Será crível que entre tais pessoas não houvesse uma que tivesse pelo menos a fé de um pagão? Não posso acreditá-lo.
____Quê! O venerável bispo que experimentou comigo e que, durante quatro anos, se sacrificou propagando a fé em longínquos países, não possuiria a fé de um pagão, para poder expelir os demônios em nome de Deus? Seria isso insultar a obra santa da propagação da fé na pessoa de um dos seus melhores apóstolos!
____Passemos adiante. Eis como S. João nos ensina a conhecer se um Espírito é de Deus ou não:

    • "Meus bem-amados, eis como conheceis se um Espírito é de Deus:
      • todo o que confessa que Jesus Cristo veio em carne, é de Deus
      • e todo o que não confessar que Jesus Cristo veio em carne, não é de Deus." (I Epístola, capítulo IV.)

____Instruído por S. João sobre o modo de conhecer os Espíritos de Deus, servi-me do meio indicado para descobrir a natureza_dos_Espíritos ou forças ocultas que produzem os fenômenos das mesas.
____Foi assim que dirigi à minha pequena mesa, posta em movimento, a seguinte pergunta:

    • - Confessais que Jesus Cristo veio em carne?
    • - Sim, respondeu ela.

____Repetindo muitas vezes a mesma pergunta, tive sempre a mesma resposta.
____Tendo feito essa experiência insuladamente na minha casa, quis ver se, fazendo-a acompanhado, obtinha o mesmo resultado, e, nessa intenção, fui a pessoas instruídas, que se ocupavam desse gênero de estudos, e pedi a uma, que era médium, para comigo pôr as mãos sobre uma mesa.
____Fazendo-se sentir o movimento, fiz-lhe a mesma pergunta que tinha feito à minha mesa, e tive a mesma resposta.
____Depois dessas experiências, posso eu conscienciosamente crer na influência do demônio sobre as mesas falantes, sem considerar errôneo o testemunho de S. João?
____Cabe ao Senhor de Mirville responder-me.
____Ainda tenho mais caminho a andar.
____Lê-se na Ritual, capítulo dos energúmenos ou possessos, o seguinte:

    • Signa energumenorum sunt. Ignota igno loqui idque maxima serie verborum quoe previder non potuerunt inteligere distantia velita loquentem, et oculta patefacere et vires supra etatis suae naturam ostendere.

____Se os demônios falam todas as línguas, como diz o Ritual, mesmo as desconhecidas, estou autorizado a dizer, baseado em grande número de experiências que fiz, que as mesas não falam todas as línguas, mesmo as conhecidas, nem as compreendem.
____Um consultante, que não conhece o grego, não obterá resposta nessa língua, e, se dermos alguma pergunta escrita em linguagem que lhe seja desconhecida, para a mesa responder, ela não a compreenderá.
____Se o Senhor de Mirville desejar fazer comigo essas experiências, estou às suas ordens.
____Procurei ver se as mesas possuíam a faculdade que, segundo o Ritual, têm os demônios de ver o que é oculto e de ler no futuro, e obtive mais erros do que verdades nesse ponto.
____Quanto às forças físicas superiores que os demônios tem, segundo o mesmo Ritual, não há mesa alguma, cujo movimento não possa ser suspenso ou atenuado, desde que o experimentador envolva as mãos em seda:

    • O que prova a sua deficiência de forças supra naturam e, conseguintemente, que não é o demônio quem lhe imprime o movimento.
      (Ver: Levitação)

____O que, porém, dá mais força às razões em que me baseio, para não aceitar a influência do demônio nos fenômenos das mesas falantes, é que, tendo-as apresentado a quatro prelados da igreja de França, três dos quais figuram entre os que mais interesse, tomaram na questão religiosa das mesas, pedindo-lhes que as examinassem e me dissessem se eu estava em erro, para me retratar e escrever em sentido contrário às mesmas, nenhum deles me disse que eu estava em erro ou censurou o que por mim foi exposto.
____Para o caso de ser preciso comprovar esse fato, guardo as cartas daqueles prelados.
____Agora passemos aos médiuns.
____Tendo ouvido dizer que há pessoas, cujas mãos, impelidas independentemente da vontade, escrevem_coisas_extraordinárias, quis assegurar-me desse fato.
____Tomei um lápis, e, colocando a minha mão sobre um pedaço de papel, concentrei-me quanto pude.
____Decorreram apenas alguns minutos, e eis que senti arrastarem-me a mão, que traçou, inconscientemente, linhas, letras e palavras.
____Muitas vezes repeti essa experiência com o mesmo êxito, tornando-me assim médium de ordem secundária.
____Desejando verificar se nesse fenômeno havia influência diabólica, para não mais dele me ocupar, perguntei à força oculta ou Espírito que movia a minha mão se era ele o demônio, ao que me respondeu que não.
____Solicitei-lhe a prova, e logo a minha mão foi arrastada e traçou uma grande cruz.
____Fiz, em seguida, as perguntas sobre Jesus_Cristo que antes eu fizera à mesa, e as respostas escritas foram às mesmas; donde a conclusão de que os agentes da escrita dos médiuns são os mesmos do movimento das mesas, e não demônios, como tenho demonstrado.
____Entretanto, para mais me assegurar da não intervenção do demônio nos médiuns, tentei mais esta experiência:

    • Falando o demônio, segundo o Ritual, todas as línguas, mesmo as desconhecidas, no intuito de saber se a força oculta ou o Espírito que me fazia escrever, tinha essa faculdade demoníaca, o que provaria a intervenção dos demônios nos médiuns, exigi da força oculta que me fizesse escrever o Pater em muitas línguas.

      • Disse-me ela que sim.

        • Tendo deixado a mão passivamente neutra, com uma pena escreveu ela o Pater de duas maneiras, que a força estranha me disse serem o valaco e o russo.
      • Pedi-lhe que escrevesse em francês, em espanhol, em italiano e em latim;
        • e ela o executou prontamente.
      • Pedi-lhe, ainda, que escrevesse em inglês e em alemão, e ela respondeu-me que não podia.

        • Por que razão?
      • Então em que línguas podeis fazer-me escrever?
        • Nas que eu falava na Terra:
          • O valaco e o russo, e nas que vós falais.

____Esse Pater, assim escrito, tive a honra de levá-lo pessoalmente ao Arcebispo de Paris, que me pediu.
____Alguém me aconselhou que dissesse ao Espírito ou força oculta que me fizesse escrever algumas frases em valaco, para mostrá-las a quem conhecesse essa língua. Saber-se-ia assim se era ou não valaco o que se me tivesse feito escrever.

____Aceitei o conselho, porém, tive a ideia de verificar eu mesmo o fato.
____Escrevi, numa folha de papel, uma frase em francês, tirei uma cópia noutra folha.
____O Espírito fez-me escrever várias linhas, e me disse que a tradução em valaco era aquela.
____Pedi-lhe que vertesse a frase para o espanhol, para o italiano e para o latim, e ele o fez.
____Tendo-lhe pedido uma versão para o inglês, respondeu-me que não podia, porque eu não sabia aquela língua.
____Deixei passar alguns minutos, e, tomando a cópia da frase, disse ao Espírito que fizesse com ela o mesmo que com o original.
____O Espírito fez-me escrever a frase nas mesmas línguas que antes, e eu apressei-me em comparar as duas traduções.
____Qual não foi, porém, a minha surpresa, quando, achando as traduções espanhola, italiana e latina das cópias iguais às do original, vi que a do valaco da cópia e a do original eram completamente diferentes!
____Convenci-me de que o Espírito não conhecia o valaco, o que demonstrava não ser ele o demônio, segundo o Ritual; entretanto, isso provava que ele me tinha enganado; repreendi-o severamente, chamando-lhe embusteiro e infame, e despedi-o da minha casa.
____A minha mão, acometida de violento tremor, escreveu, em grandes caracteres:

    • "Eu sou o demônio, e vós um mau padre, que busca conhecer os segredos de Deus."

____Pois bem, respondi-lhe, é precisamente por me fazeres escrever que és o demônio, que eu não te acredito.
____Segundo o Ritual, o demônio fala todas as línguas, e tu não falas o valaco nem o inglês, etc.; logo não és o demônio.
____Se sou um mau padre, não, é isso da tua conta, Deus é quem me julgará, e a seu santo juízo me curvarei.
____Se me fosse dado ver-te, como te sinto, eu te daria uma boa resposta, mas contento-me em deixar de fazer experiências contigo.
____Apenas disse isto, a minha mão, arrastada, escreveu:

    • "Perdão! perdão! eu não sou o demônio. Se o disse, foi para vos meter medo, porque vós me atormentais com perguntas.
    • "Vejo bem que sois um homem destemido. Não sois um mau padre, mas sim um grande pensador. Fazei as vossas experiências comigo, que vos direi sempre a verdade."

____Pois bem! eu te perdôo; mas dize-me, sem me enganar; quais são as línguas que falas?
____Eu não falo senão as que falais, e, se disse o contrário, foi para rir-me.

____Essa sessão terminou assim.
____Querendo verificar o que me foi dito pelo Espírito, fui a outro médium psicógrafo, e pedi-lhe uns trabalhos de escrita.
____Em meio das nossas experiências, escrevi em uma folha de papel estas palavras em espanhol:

    • como te llamas? e sem dizer ao médium a significação daquelas palavras, pedi-lhe que as lesse ao Espírito.

____Ele pediu ao Espírito que as traduzisse; porém este ficou mudo.

    • Insistiu por uma resposta, e o Espírito fê-lo escrever:
      • fatalidade.

____Não condizendo à resposta com a pergunta, pedi ao médium que dissesse ao Espírito que aquilo não era resposta.

    • Foi então que este o fez escrever:
      • "Se não respondi, foi porque não conheço essa língua."

____Não compreendendo o médium o que havia lido ao Espírito, percebi que, se este não respondia em espanhol, era porque aquele não sabia essa língua, o que confirmava o que me disse o meu Espírito.
____Então pedi ao médium que rogasse ao seu Espírito que respondesse à pergunta:

    • Como te Mamas, e ele disse:
      • Benito.
        • Em francês: Benoit.
        • Em latim: Benedictus.

____Essa experiência, confirmando o que me foi dito pelo meu Espírito familiar, que os Espíritos não falam senão as línguas do consultante, foi para mim uma nova prova da não intervenção do demônio nos médiuns; visto como, falando ele todas as línguas, segundo o Ritual, os médiuns não escreviam senão nas línguas que conheciam.
____Se o Senhor de Mirville quiser fazer alguma experiência desse gênero comigo, terei nisso grande prazer.

    • Nota bene:
      • O que há de particular no que me foi dito pelo Espírito de que sou o médium, relativamente às línguas de que se servem os Espíritos, quando falam aos homens, é o mesmo que foi dito, há 105 anos pelo extático Swedenborg. Vede o n° 236 da sua obra: Céu e Inferno.

____Deixemos o Senhor de Mirville, a quem cabe o dever de esclarecer-nos sobre os fatos acima referidos e de conciliá-los com a sua Pneumatologia.
____Passo agora a ocupar-me do Sobrenatural em geral, do Senhor de Gasparin.

Abade Almignana.

[115 - páginas 297/319]

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  • (1) - Marquês de Mirville[Charles, Jules Eudes de Catteville de Mirville – 1802-1873], autor de DES ESPRITS*. Mirville traduziu o texto [da confissão de Cipriano] para o francês. Blavatsky Collected Writings, vol. 14 p 162
    * DES ESPRITS: De l'Esprit saint et du miracle dans les six premiers et les six derniers siècles de notre ère, spécialement des résurrections des morts, des exorcismes, apparitions, transports, etc., Paris, 1863. Obra em seis volumes.

    [Do Espírito Santo e milagres nos seis primeiros e últimos seis séculos de nossa era, sobretudo, a ressurreição dos mortos, exorcismo, fantasmas, transportes, etc..]
Ver também:
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